DESTRUIÇÃO DE IMAGENS: PROFONAÇÃO EM UMARI É CRITICADA

Santos destruídos: algumas imagens sacras, esculpidas no século XVIII, acabaram sendo atingidas por uma pedra de paralelepípedo atirada pela acusada do crime (Foto: Divulgação)

Lideranças das igrejas Católica e Evangélica reprovam a atitude da mulher que destrui as imagens sacrasRepresentantes das igrejas Católica e Evangélica condenaram, ontem, em entrevista ao Diário do Nordeste, a atitude da dona-de-casa Maria Leite Araújo Brasil, 45 anos. Na última sexta-feira, na cidade de Umari (a 405Km de Fortaleza), a dona-de-casa, que é evangélica, invadiu a Igreja Matriz São Gonçalo do Amarante e destruiu 18 imagens sacras, sendo três do século XVIII.Para as lideranças religiosas, o atentado da moradora pode representar um provável desequilíbrio mental, além de ser uma demonstração de desrespeito à religiosidade do próximo. Na opinião do vigário episcopal de Fortaleza, padre Claírton Alexandrino de Oliveira, pároco da Catedral Metropolitana, uma pessoa que age da forma como agiu Maria Leite “demonstra desequilíbrio mental e é gravemente ignorante, porque não conhece o que Deus diz sobre as imagens”.Segundo padre Claírton, a veneração praticada pelos fiéis católicos não se dirige à imagem, mas a tudo que ela representa. “Deus, na Bíblia, reconhece, após proibir a construção de imagens, que elas servem para recordar a entidade. O desequilíbrio dela mostra a falta de respeito pela liberdade religiosa, Cada um deve respeitar a religião do outro”.Para o padre Manoel de Castro Ferreira, pároco da Igreja do Patrocínio, as imagens dos santos são “um estímulo para a fé”. Portanto, como disse, a imagem é um exemplo da vida de um cristão. “Isso é uma perversidade, falta de inteligência. Isso sempre existiu e não vai abalar em nada. Se uma pessoa está bem com a religião dela, por que vai destruir a do próximo?”, questiona.De acordo com a pastora Cilda Oliveira, da Comunidade Evangélica Cristão Tudo da Aliança, o atentado é “reprovável e, provavelmente, ela deve estar com algum distúrbio mental”, comenta. Segundo a pastora Cilda, na igreja evangélica não há esse costume de venerar imagens. No entanto, como justificou, “cada um tem de respeitar a crença do outro”. Para ela, em nome dos evangélicos, só resta pedir “desculpas” ao católicos por tamanha demonstração de desrespeito.Da mesma forma, a também pastora Rosa Rodrigues do Nascimento, da Congregação Profética Só o Senhor é Deus, “as pessoas não têm o direito de desrespeitar ninguém”. Para Rosa, o ato se torna vandalismo, embora a pastora entenda o que motivou a ação. “Sabemos que existe o hábito de adorar imagens. Na palavra de Deus, há uma maldição para quem troca a imagem pelo próprio Senhor. Porém, entendo a preocupação dela, mas não o ato que praticou. Acredito no direito de culto livremente. Vou orar por ela”, antecipou.

Janine Maia Repórter, do Diário do Nordeste