O Papa Bento XVI recebeu em audiência na manhã de ontem, na Sala Clementina, no Vaticano, um numeroso grupo de seminaristas e formadores, provenientes dos Pontifícios Seminários Regionais italianos de Molfetta, Chieti e Ancona, oriundos das regiões das Marcas, Puglia, Abruços e Molise, no centenário de fundação de seus Seminários regionais.
Em seu discurso aos presentes, o papa ressaltou que a tarefa dos sacerdotes do terceiro milênio é a de oferecer aos homens que consideram que Deus não tem influência no cotidiano e na história, a esperança que vem "da imutável Palavra de vida eterna que é Cristo".
A contemporaneidade em grande parte perdeu a estrada para o céu. Domina o racionalismo e o conceito de fé para muitos passou dos bens imateriais dos valores ao mais tangível "bem" produzido pelos saberes científicos. O restante é subjetivo e, muitas vezes, corre o risco, como a religião, de ser considerado "não-essencial" para a vida, expressou o papa.
Cabe, sobretudo, aos sacerdotes, e a quem se prepara para tornar-se sacerdote, impedir que o anseio humano por Deus seja sufocado. Olhando para os mais de 400 seminaristas sentados diante dele na Sala Clementina, o Santo Padre repetiu o papel e a missão que cabe, na Igreja e na sociedade, a quem escolheu tornar-se ministro do Evangelho.
O papa ressaltou que o Sínodo sobre a Palavra de Deus, concluído um mês atrás, recordou que "entre as tarefas prioritárias do presbítero se encontra a de espalhar largamente no campo do mundo a Palavra de Deus". Em seguida, o pontífice perguntou-se: "O homem contemporâneo sente ainda necessidade de Cristo e de sua mensagem de salvação?"
"No atual contexto social uma certa cultura parece mostrar-nos a face de uma humanidade auto-suficiente, desejosa de realizar os próprios projetos sozinha, que escolhe ser única artífice seus destinos, e que, conseqüentemente, considera sem influência a presença de Deus e, por isso, a exclui de fato de suas escolhas e decisões. Num clima marcado por vezes por um racionalismo fechado em si mesmo, que considera o modelo das ciências práticas o único modelo de conhecimento, tudo mais se torna subjetivo e, conseqüentemente, também a experiência religiosa corre o risco de ser vista como uma escolha subjetiva, não essencial e determinante para a vida."
Por essas e outras razões, o papa reconheceu que hoje se tornou "certamente mais difícil" acreditar, acolher a Verdade de Cristo, viver a própria vida pelo Evangelho. Bento XVI observou que, todavia, como se registra diariamente, "o homem de hoje se mostra sem forças e preocupado com o seu futuro, em busca de certezas e desejoso de pontos de referência seguros":
"O homem do terceiro milênio, como de resto em todos os tempos, precisa de Deus e o busca por vezes mesmo sem se dar contra. É tarefa dos cristãos, de modo especial, dos sacerdotes, colher esse profundo anseio do coração humano e oferecer a todos, com meios e modos que respondam às exigências dos tempos, a imutável Palavra de vida eterna que é Cristo, Esperança do mundo."
Daí, se mostra claramente a importância dos anos de seminário, durante os quais, observou Bento XVI, o futuro sacerdote deve buscar uma "relação pessoal com Jesus". Como modelo, no Ano paulino, o papa indicou aos seminaristas uma testemunha por excelência, o Apóstolo dos Gentios:
"A conversão não eliminou o que havia de bom e de verdadeiro em sua vida, mas lhe permitiu interpretar de modo novo a sabedoria e a verdade da lei e dos profetas e tornar-se assim capaz de dialogar com todos, seguindo o exemplo do divino Mestre. Imitando São Paulo, caros seminaristas, não se cansem de encontrar Cristo na escuta, na leitura e no estudo da Sagrada Escritura, na oração e na meditação pessoal, na liturgia e em toda outra atividade diária."
Canção Nova Notícias, com Rádio Vaticano
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