domingo, 30 de novembro de 2008

“DIFERENTES SIM, DESIGUAIS NÃO!”


Dom José Luís Salles, bispo auxiliar de Fortaleza


Estava sendo esperado na cidade o coordenador nacional da Pastoral Afro, Padre Ari Antonio dos Reis para um momento de reflexão sobre as lutas e o rosto do povo negro na Arquidiocese de Fortaleza e no Estado do Ceará. Ele veio participar de um encontro no Centro de Pastoral Maria Mãe da Igreja, entrada pela Rodrigues Junior, nº. 300, centro.
Segundo o bispo auxiliar da Arquidiocese de Fortaleza, Dom José Luis Sales, em carta enviada as comunidades, paróquias e pastorais, o encontro celebra na Arquidiocese os 132 anos da morte de Zumbi de Palmares.
A carta diz “O ano 2008 para os negros tem sido repleto de datas significativas. Celebramos os vinte anos de caminhada do Instituto Mariama, os vinte anos em que a Campanha da Fraternidade teve como tema “A Fraternidade e o Negro”, o início das comemorações pelos cem anos de nascimento de Dom Hélder Câmara, e assinalamos os cento e vinte anos da abolição da escravatura”.
Dom José Luiz expressa o desejo de que “neste ano de datas importantes, o povo negro amplie a luta por cidadania, fomente e fortaleça grupos de base nas comunidades, incentive a solidariedade e o diálogo com as instâncias da sociedade civil que representam o povo negro e com outros grupos solidários que lutam e se comprometem com a recuperação da dignidade dos afro-brasileiros”.
A convocatória faz referência ao documento de Aparecida, que afirma: “Os indígenas e afro-americanos são, sobretudo, “outros” diferentes que exigem respeito e reconhecimento. A sociedade tende a menosprezá-los, desconhecendo o porquê de suas diferenças. Sua situação social está marcada pela exclusão e pela pobreza. A Igreja acompanha os indígenas e afro-americanos nas lutas por seus legítimos direitos. Hoje, os povos indígenas e afros estão ameaçados em sua existência física, cultural e espiritual; em seus modos de vida; em suas identidades; em sua diversidade; em seus territórios e projetos.” (D.Ap. 89 e 90).
O bispo finaliza a carta animando as comunidades, áreas pastorais, paróquias e as pastorais dizendo: “Que os atabaques, afoxés e agogôs ecoem pelas terras do Ceará, marcando o ritmo de nossos sonhos de uma sociedade justa, de uma igreja solidária. Mãe Negra de Aparecida, olhe por todos nós, teus filhos. Que pela força do Evangelho, como discípulos missionários façamos acontecer sempre neste mundo a festa da vida e da liberdade”.

A pastoral afro-brasileira nasceu da necessidade de se dar uma organicidade às diferentes iniciativas dos negros católicos que marcam presença na vida e missão da Igreja. Também é fruto da consciência das necessidades que vão surgindo a partir do aprofundamento do compromisso com a caminhada das comunidades negras. A pastoral é compreendida como zelo apostólico para com o povo, sobretudo para com os povos pobres e para com os abandonados. Assim, as diversas iniciativas dos negros católicos encontram na pastoral afro-brasileira um espaço de reflexão, articulação e diálogo voltado para a vivacidade e dinamicidade da ação evangelizadora da Igreja. A pastoral afro-brasileira integra a Comissão Episcopal para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz como as demais Pastorais Sociais da CNBB.

O Instituto Mariama (IMA) colabora com a formação dos agentes negros de pastoral, em especial dos bispos, presbíteros e diáconos negros católicos do Brasil para que sejam solidários e possam estar presentes no meio da população mais fragilizada, contribuindo para a formação integral de crianças, jovens e adultos.
Pascom da Arquidiocese de Fortaleza

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