sexta-feira, 25 de julho de 2008

VAQUEIROS DE SERRITA: MISSA CHEGA À 38a. EDIÇÃO


Há 38 anos os vaqueiros se reúnem em Serrita. Este ano, a missa será realizada no dia 27 (Foto: Antônio Vicelmo)

A Missa do Vaqueiro de Serrita (PE) é o maior evento sócio-religioso do Nordeste que reúne turistas de todo o BrasilCrato. Um dos únicos remanescentes do ciclo do jumento, que era formado por Luiz Gonzaga, Padre Antônio Vieira, Patativa do Assaré e José Clementino, o poeta Pedro Bandeira detém mais outro pioneirismo que o projetou como um dos maiores protagonistas da cultura popular nordestina. Bandeira é o único sobrevivente do trio formado por ele, Luiz Gonzaga e padre João Câncio que criou a Missa do Vaqueiro, no meio da Caatinga, no Sítio Lajes, localizado no município de Serrita, no limite do Ceará com o Estado de Pernambuco.Hoje, em sua 38ª edição, a Missa do Vaqueiro é o maior evento sócio-religioso do Nordeste que reúne turistas de todo o Brasil. No meio da Caatinga, o governo do estado construiu o Parque de Vaquejada João Câncio. Este ano, a missa será realizada no dia 27. Mas, a programação começa hoje, com os shows de bandas de forró, pegas de boi dentro do mato, vaquejadas e, finalmente, a missa, com a participação de cerca de 500 vaqueiros.LembrançaNesta edição, mais uma vez, Pedro Bandeira participa da Missa do Vaqueiro e lembra que a primeira celebração foi feita debaixo de um angico, no meio da mata seca do sertão pernambucano.Mesmo diante das dificuldades, o grupo de idealizadores do evento não desistiu porque, de acordo com ele, ali estavam o cenário e os personagens perfeitos para uma história nordestina: o sertão, a morte misteriosa de um vaqueiro, um famoso tocador de sanfona, um padre e um repentista.“Quando Luiz Gonzaga abriu a sanfona branca para tocar a música ´A Morte do Vaqueiro´, o sertão se transformou num santuário de fé”, lembra Bandeira.De acordo com ele, “a voz do Rei do Baião ecoou no meio da Caatinga, anunciando o início de um acontecimento importante para o Nordeste”, destacou o poeta.OrigemA celebração teve origem a partir do assassinato do vaqueiro Raimundo Jacó, primo de Luiz Gonzaga, morto traiçoeiramente nas caatingas do alto sertão do Araripe. A primeira missa foi celebrada em julho de 1971. Nos primeiros anos de celebração, o padre João Câncio explicava que o objetivo era pregar a união entre os vaqueiros e denunciar o clima de injustiça reinante no sertão.DefesaEm 1976, quando a missa já era mais um espetáculo turístico do que ato religioso, o padre Câncio dizia: “O turista deve entender que o aboio do vaqueiro nessa missa não é apenas folclore, mas, sobretudo, um grito em defesa de toda essa gente sofrida do sertão”. O padre João Câncio, que deixou a batina, morreu em 1989, mas a celebração teve continuidade, por meio da Fundação João Câncio, dirigida pela viúva do padre.SAIBA MAISMistérioO vaqueiro Raimundo Jacó foi encontrado morto no meio da Caatinga, no dia 8 de julho de 1954. Ele havia passado à noite anterior em companhia do colega Miguel Lopes, juntando o gado para levá-lo a uma região onde a seca ainda deixara algum pasto. Logo após o crime, Miguel Lopes foi apontado como o assassino, no entanto, o caso nunca chegou a ser totalmente esclarecido.LendaA pedra que teria sido usada pelo criminoso, manchada de sangue, foi entregue à polícia, mas desapareceu. Assim, o crime tornou-se um mistério e a história de Jacó virou lenda.Mais informações:Pedro Bandeira de Caldas Avenida Leão Sampaio, 1190, localizada no município de Juazeiro do Norte(88) 3571. 1999

Fonte: Diário do Nordeste

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