Prof. Felipe Aquino*
Há mais de 27 mil homens e mulheres que a Igreja Católica chama de “santos”. São de todas as condições de vida, raças, cores, culturas, países. Mas, têm algo em comum: todos foram heroicamente bons. Basta analisar a vida deles.
A santidade é basicamente a estreita união do homem com Deus. Desse contato resulta a perfeição moral. Enquanto Deus é santo por natureza, os homens são santos na medida em que se aproximam dEle. Todos os que estão no céu atingiram a santidade perfeita. Aqui na terra, os homens são unidos a Deus por meio da graça divina. Quanto mais graça um homem tem, tanto mais semelhante a Deus se torna.
Um santo canonizado foi alguém que na terra praticou a bondade heróica em todas as suas ações. Um homem ou uma mulher não é canonizado por ter uma só virtude. Não é suficiente a inexistência de faltas salientes. Mesmo uma pequena fraqueza é uma grande falta em um santo – que deve ter controle perfeito de todas as virtudes. O santo não faz da sua vida espetáculo. Começa pelas virtudes sólidas, comuns da vida cristã, e depois as desenvolve até um grau extraordinário.
São Vicente de Paulo costumava dizer que “um cristão não deveria fazer coisas extraordinárias, mas sim fazer extraordinariamente bem as coisas ordinárias”. Os seres humanos chegam à santidade travando uma árdua batalha com eles mesmos, com a carne e com o demônio. Partem do triste estado da nossa fraqueza comum, mas, antes de morrer, atingem a santidade pela graça de Deus.
Ser santo é possível a todos os batizados. Muitos santos não foram tão santos antes de se colocarem nesse caminho. Santo Agostinho assombrou o mundo pela sua “Confissão”, obra que fala como ele fora na sua mocidade, um moço desajuizado que viveu as suas farras na África e na Europa até se converter. Era amasiado e tinha um filho (Adeodato) antes de se converter, aos 33 anos.
Um santo vence a fraqueza. Por isso, a Igreja Católica não hesita em examinar no processo de beatificação minuciosamente tudo o que o candidato a santo fez. Santo Tomás de Aquino nasceu aristocrata e se tornou professor numa universidade. A sua característica era a simplicidade e a humildade em investigar a verdade como um dos mais profundos intelectuais de todos os tempos. Era santo. Em cada santo encontramos uma singularidade.
Os santos não são pessoas raras. Pertencem a todas as épocas e nacionalidades. São Policarpo, natural da Ásia Menor, viveu no século II. Já São Pio X, foi um italiano e um Papa do século XX. E os quatro homens que são chamados os Padres do Ocidente, a saber: Santo Agostinho, São Jerônimo, Santo Ambrósio e São Gregório Magno, eram respectivamente da África do Norte, da antiga Iugoslávia e da Itália, e viveram entre os séculos quarto e sexto. Santa Francisca Cabrini era uma freira italiana que fundou hospitais em Nova York e em Chicago. Houve mártires em Nagasaki, no Japão, e padres na Rússia, que foram declarados santos pela Igreja Católica.
O que talvez seja mais surpreendente é a enorme variedade de personalidades entre esses santos. Eram reis e rainhas; sapateiros e agricultores; sacerdotes, bispos, freiras; soldados; juristas; professores; donas-de-casa e mulheres profissionais, que se elevaram às alturas da santidade. Nenhuma classe tem o monopólio da santidade. Portanto, é importante nos espelharmos nesses exemplos para nos tornar mais santos.
* Prof. Felipe Aquino é teólogo e apresentador dos programas ‘Escola da Fé’ e ‘Trocando idéias’, na TV Canção Nova (www.cancaonova.com)
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