O tema de reflexão, escolhido pelo papa Bento XVI para o Dia Mundial das Comunicações deste ano é: Os meios: na encruzilhada entre protagonismo e serviço. Buscar a verdade para compartilhá-la.
O Dia Mundial das Comunicações foi criado pelo Concílio Vaticano II, no decreto Inter Mirifica, n.18, de 4 de dezembro de 1963 e tem como objetivo a reflexão, a ação e as ofertas dos fiéis “ao sustento e incremento das instituições e iniciativas promovidas pela Igreja neste setor”.
O tema é provocativo e traz diversos elementos para serem considerados, como por exemplo, o papel dos meios de comunicação, tendo em vista crescente risco de eles se tornarem referência de si mesmos, e não se colocarem a serviço da verdade, a qual deve ser buscada e compartilhada, bem como do compromisso com a sociedade, que lhe é inerente.
Para melhor compreender e refletir o tema, alguns elementos podem ser desdobrados. Antes de tudo, entender o significado e a finalidade dos meios de comunicação; as diversas encruzilhadas, entre elas, o protagonismo e o serviço, a compreensão da cultura da comunicação e o lugar de quem comunica e recebe. Finalmente, alguns desafios para o compromisso cristão, no contexto cultural midiático e sugestões para celebrar o 42º. Dia Mundial das Comunicações Sociais.
Meios de comunicação
Fazendo um percurso histórico observa-se que os meios de comunicação emergem num contexto de mudanças tecnológicas, comerciais, políticas e culturais. Mudanças sinalizadas no final do século XV com o Mercantilismo (Imprensa 1456), e intensificadas no século XIX e XX com a Revolução Industrial e Tecnológica. Depois da Imprensa vem a descoberta da comunicação a distância, cujos primeiros ensaios aconteceram no final do século XIX, na transmissão de sinais audíveis a distância com Landell de Moura (1893), Marconi (1893), que transmitiu sinais por ondas eletromagnéticas, dispensando fios, e a reprodução da imagem pelo cinema (1895). Mas foi no século XX que estes meios tomaram forma e se expandiram: o Rádio (1915), no Brasil em 1922; a Televisão (1940), no Brasil em 1950. A comunicação e a informação, antes feitas de pessoa a pessoa, passa a ser mediadas pelas tecnologias, a cada momento mais sofisticadas.
Alguns elementos caracterizam e constituem os meios de comunicação: a tecnologia, a organização empresarial e o relacionamento com o público. A indústria da mídia evoca ao pensamento, normalmente, a existência de instituições e produtos como livros, jornais, CDs, DVDs, programas de Rádio e Televisão, filmes, sites. As tecnologias fazem parte do cotidiano e se tornam, cada dia, mais familiares. Pode-se dizer que, hoje, os meios são empresas organizadas com diferentes finalidades e com fins lucrativos, inseridas no contexto econômico e social. Eles produzem e fazem circular informações de todos os tipos e gêneros, tendo em vista seu público alvo, sempre abertos a novos públicos.
A comunicação e a informação, antes de pessoa a pessoa, passam a ser mediadas pelas tecnologias, a cada instante mais sofisticadas. Exemplo disso é a Internet (1969-1970), no Brasil só em 1991, que começou para fins de segurança, depois de ciência e pesquisa e, finalmente, popularizada para fins comerciais. Ela encabeçou uma nova forma de comunicação por dados, desdobrando-se numa infinidade de novas mídias móveis, digitais e interativas.
Os fins dos meios de comunicação: o serviço
Quando tomamos contato com o surgimento dos meios de comunicação, percebemos algumas finalidades e funções: informar, entreter e educar. Informar sobre os fatos que acontecem; educar o ser humano para que ele interaja ao contexto com práticas cidadãs; entreter para descontrair, evocar o lazer, relaxar para sair da rotina do dia-a-dia. O entretenimento é um dos aspectos em crescente evolução. Pesquisas mostram que a informação torna-se entretenimento, mudando-se a forma de comunicar[1].
Neste contexto de mudanças tecnológicas e culturais, talvez seja interessante lembrar o que a Constituição Brasileira diz e determina para todas as empresas de Radiodifusão, cuja razão de ser é estar a serviço da sociedade.
[1] . Fábia Angélica Dejavite. INFOtenimeto, informação + entretenimento no jornalismo. Paulinas/ Sepac, 2006.
Ir. Helena Corazza, fsp
Membro da equipe de Reflexão da Comissão de Comunicação da CNBB
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