A Santa Sé interveio na 30ª Conferência Regional do Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) para a América Latina e o Caribe, que se realizou em Brasília de 14 a 18 de abril. O objetivo do evento foi analisar a situação agrícola e alimentar na região e orientar com um novo dinamismo a ação da FAO para fazer frente às necessidades relacionadas à segurança alimentar.Representando a Santa Sé, interveio o observador permanente na FAO, Mons. Renato Volante, que manifestou apreço pela obra que a organização desempenha na luta contra a fome e a desnutrição: "É evidente que a falta de uma nutrição adequada não somente impede o pleno desenvolvimento da personalidade de mulheres e homens, mas constitui uma evidente negação de seus direitos".Mais uma vez, disse Mons. Volante, essa conferência indica que o esforço principal é oferecer uma dimensão efetivamente humana aos dados que a técnica, a tecnologia e as novas pesquisas científicas permitem aplicar à atividade agrícola e, portanto, à produção de alimentos.Na reunião, a FAO evidenciou os critérios para melhorar a segurança alimentar. Isso significa considerar não somente as dificuldades de produção agrícola provocadas por fatores ambientais e de território, mas também as dificuldades derivantes de políticas comerciais particularmente desfavoráveis, causadas pela falta de progresso nas negociações multilaterais sobre o comércio de produtos agrícolas.Como esquecer, disse ele, que para muitos países a economia depende quase exclusivamente da exportação de um restrito número de produtos típicos, quando, por outro lado, a segurança alimentar depende da importação de muitos alimentos?Mons. Volante falou ainda da utilização de terras cultiváveis para a produção de biocombustíveis. Essa tendência, afirmou, pode causar conseqüências negativas nos níveis de pobreza nas regiões dependentes da importação de alimentos. A preocupação primordial, portanto, deve permanecer a tutela e o respeito do direito à alimentação.A reforma agrária é outra preocupação levantada por Mons. Volante: "Toda reforma agrária deve levar em consideração os pequenos agricultores e as comunidades indígenas, com sua tradição distante da dimensão institucional".Mons. Volante destacou também os progressos verificados na região, que evidenciam que a luta à fome pode dar resultados se governo, instituições e ONGs se inspirarem em um conceito de justiça centralizado na pessoa criada por Deus. Por fim, ele declara-se satisfeito com a "Iniciativa América Latina e Caribe sem Fome", que pode constituir uma resposta responsável e solidária ao problema da desnutrição.
Rádio Vaticano
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