segunda-feira, 14 de abril de 2008

DOM HELDER CÂMARA, CEM 100 ANOS

A vida de Dom Helder é como uma mina de ouro, que precisa ser explorada. Ele, como cidadão universal, andou pelos diversos caminhos do planeta, com sua voz encantadora e com seu amor muito profundo para com este mundo, onde fixamos nossos pés, onde os homens e as mulheres, marcados pelo dor, pela angústia e pelo sofrimento, mas ao mesmo tempo cheios de amor, garra e esperança, ensinando-nos a ver e descobrir o rosto de Cristo.
Dom Helder Câmara nasceu no dia 7 de fevereiro de 1909. Aos 9 anos fez a sua primeira comunhão e aos 14 ingressa no seminário da Prainha. No dia 15.08.1931, aos 22 anos, foi ordenado sacerdote, exercendo seu ministério sacerdotal em Fortaleza, entre letrados e operários. Em 1936 partiu para o Rio de Janeiro, lá exercendo entre outras funções, o cargo de Diretor Técnico de Ensino da Religião na Arquidiocese do Rio de Janeiro.
Em 1948 foi nomeado Monsenhor. Em 1950 expôs ao amigo Monsenhor Montini (futuro Papa Paulo VI) seus planos de fundar a CNBB, da qual se tornou Secretário Geral, de 1952 a 1964.
Em 1952 foi nomeado bispo auxiliar do Rio de Janeiro. Em 1955 organizou o famoso Congresso Eucarístico Internacional do Rio de Janeiro. Em seguida fundou o Banco da Providência e a Cruzada São Sebastião, indo ao encontro dos pobres e favelados. Trabalhou incansavelmente pela fundação do CELAM – Conselho Episcopal Latino Americano, sendo eleito Vice-Presidente, de 1958 a 1964.
Em 1964 foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Olinda e Recife, tomando posse no início do Regime Militar, no dia 12 de abril do mesmo ano. Ai passa em desenvolver com grande relevância ações sociais junto às comunidades carentes e a luta pelos direitos humanos, com justiça social. Ficou mundialmente conhecido como o arauto dos “sem vez e sem voz”. Durante o Regime Militar, de 1964 a 1983, sua voz ficou sem ser ouvida, sendo proibida e censurada na mídia.
Bispo da não-violência, da ternura e da solidariedade, denunciando em Paris, em 1970, num profético e contundente descurso as práticas de torturas de presos políticos no nosso Brasil.
Dom Helder, homem marcado pela graça de Deus, um dos grandes místicos dos nossos tempos, que com sua palavra encantava e entusiasmava as multidões, de todos os credos, raças, culturas e ideologias. Dizia que Deus para ele “era e só podia ser amor”, esforçando-se para viver o que anunciava, fazendo-se irmão e acreditando na possibilidade da conversão de todos.
Dom Helder tem 23 livros publicados, sendo 19 deles trazidos para 16 idiomas. Entre títulos, homenagens e condecorações que recebeu em todo mundo somam 692. Após completar 90 anos, no dia 27.08.1999, foi chamado para o seio do Pai.
Este homem profundamente marcado pela graça de Deus, patrimônio da humanidade, será sempre lembrado na história do povo brasileiro como uma referência. A humanidade mais do que nunca, nos dias de hoje, necessita de referenciais, para que assim saiba sonhar por liberdade, justiça e paz. Que o jeito de viver de Dom Helder nos inspire um gosto sempre maior de viver e de lutar pelo dom maravilhoso da vida.

Pe Geovane Saraiva

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