domingo, 30 de março de 2008

REFLETINDO SOBRE O EVANGELHO DE JOÃO 20,19-31


Segundo domingo de Páscoa

Estamos mergulhados na plenitude da celebração da Páscoa. E vamos viver uma alegria durante sete semanas – cinqüenta dias – até a festa de Pentecostes. Como se fosse um longo domingo, conforme a visão de Santo Atanásio. Este domingo, que é a “oitava da Páscoa”, mas que, na nomenclatura atual da Liturgia, passou a se chamar “segundo domingo da Páscoa”, tinha, na primitiva igreja de Roma, uma característica muito particular.
O Evangelho de hoje ( João 20, 19-31 ) lembra as duas aparições sucessivas de Jesus aos apóstolos reunidos no Cenáculo. A primeira aparição, na própria tarde da Ressurreição, não conta com a presença de Tomé; e a incredulidade dele, diante do que lhe contavam os outros apóstolos, provocou a segunda aparição, oito dias depois, justamente o domingo de hoje. E foi nessa aparição – a primeira, totalmente confirmada pela segunda, que Jesus deixou à sua Igreja o grande dom do perdão dos pecados, o sacramento da confissão. Isto nos leva a dizer muito legitimamente que o sacramento do perdão é o grande dom pascal de Cristo.
Tomé, apresentado no Evangelho de hoje, representa a humanidade atual. Todos continuam incrédulos. Continuamos incrédulos. Continuamos vendo Cristo nos pedintes ao nosso lado; não somos capazes de ver que, com a partilha do que possuímos, poderíamos ajudar os que estão sem emprego; não vemos que o amor matrimonial é jorrado do amor de Deus; não vemos que é na comunidade que está a maior presença de Deus; em síntese, continuamos não vendo quase nada. E, como Tomé, na maioria das vezes, continuamos querendo provas.
A mensagem que ainda podemos tirar deste evangelho é: a atitude de Tomé vem assegurar que o cristão não deve ser alguém que se apega a boatos: é alguém através de sua fé amadurecida e purificada que quer ver os fatos concretos. Os Apóstolos e Tomé lançaram uma grande luz para os cristãos de hoje. Os cristãos têm que afinar com a sua Igreja, que também não corre atrás de coisas maravilhosas e aparições não aprovadas pela Igreja. A Igreja nos ensina que a Revelação oficial atingiu sua plenitude em Cristo, e que terminou com a morte do último dos apóstolos.
Que o Evangelho de hoje ajude a todos nós a ter um encontro de fé e de amor com Jesus Cristo, reconhecendo-o como o Messias, Filho de Deus, e que vivamos uma vida autêntica, inseridos na missão de Jesus, que é vivência do amor pleno.

Pe. Raimundo Neto
Pároco de São Vicente Paulo

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