O pregador do Papa, Raniero Cantalamessa, no comentário sobre a Liturgia deste Domingo, enfatizou que é necessário redescobrir sentido da eternidade. Ao se referir à samaritana, do Evangelho de João, Cantalamessa diz que, como a ela, Jesus faz, hoje, uma proposta radical: "Buscar outra água, dar um sentido e um horizonte novo à própria vida. Um horizonte eterno!". Raniero comenta que a palavra "eternidade" caiu em desuso: "Crê-se que este pensamento pode afastar do compromisso histórico concreto para mudar o mundo, que é uma evasão, 'um despertar no céu os tesouros destinados à terra', como dizia Hegel". Ele explica que se a eternidade perde o sentido, todo sofrimento, todo sacrifício parece absurdo e "nos derruba" e argumenta com a Carta de São Paulo aos Coríntios: "A leve tribulação de um momento nos produz, sobre toda medida, um pesado caudal de glória eterna. Em comparação com a eternidade da glória, o peso da tribulação lhe parece leve (a ele, que sofreu tanto na vida!) precisamente porque é passageiro. Com efeito, acrescenta: As coisas visíveis são passageiras, mas as invisíveis são eternas (2 Cor 4, 17-18)". O pregador também lembra do pensamento do filósofo Miguel de Unamuno que, como destaca, era leigo: "Não digo que mereçamos um mais além, nem que a lógica o demonstre; digo que precisamos, mereçamos ou não, simplesmente. Digo que o que passa não me satisfaz, que tenho sede de eternidade, e que sem esta tudo me é indiferente. Sem ela, já não existe alegria de viver... É fácil demais afirmar: 'Devemos viver, devemos conformar-nos com esta vida'. E os que não se conformam?" "Não é que quem deseja a eternidade mostra que não ama a vida, mas sim quem não a deseja, dado que se resigna tão facilmente ao pensamento de que aquela deva terminar", explica. Raniero explica que a redescoberta do sentido da eternidade ajudaria a reencontrar o equilíbrio, a relativizar as coisas, a não cair no desespero diante das injustiças e a dor que há no mundo, ainda lutando contra elas. "A viver menos freneticamente", complementa. O pregador comentou que muitos buscam a experiência do infinito em drogas ou no sexo desenfreado e lembrou que destas coisas só permanece a desilusão e a morte: "'Todo aquele que beber desta água voltará a ter sede', disse Jesus à samaritana"."Não basta saber que a eternidade existe; é preciso saber o que fazer para alcançá-la. Perguntar-se, como o jovem rico do Evangelho: 'Mestre, o que devo fazer para ter a vida eterna?'. Leopardi, na poesia O Infinito, fala de uma cerca que oculta da vista o último horizonte. Qual é, para nós, esta cerca, este obstáculo que nos impede de olhar para o horizonte último, para o eterno? A samaritana, aquele dia, compreendeu que devia mudar algo em sua vida se desejava obter a 'vida eterna', porque em pouco tempo a encontramos transformada em uma evangelizadora que relata a todos, sem hesitar, o que Jesus lhe disse", concluiu.
Zenit/Canção Nova Notícias
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