domingo, 2 de dezembro de 2007

REFLETINDO SOBRE O EVANGELHO


Primeiro domingo do Advento

Estamos iniciando, hoje, um novo ano Litúrgico. Ele começa com o tempo do Advento, que quer dizer “vinda” ou “chegada”. É tempo de alegre expectativa da chegada de Cristo no Natal. É tempo de jubilosa alegria e esperança. E, sob essa influência, é também preparação para a última chegada de Cristo, a vinda escatológica da Parusia. Esse olhar para o fim dos tempos é tema da primeira parte do Advento, que vai do primeiro domingo até o dia 16 de dezembro. Do dia 17 até o Natal, é propriamente a preparação para a chegada do Jesus no Natal. É esse tempo tão característico de alegria e de celebração, a que, até, se deu o nome de “Semana Santa do Natal”.
O Evangelho deste primeiro domingo do Advento (Mt. 24, 37-44) é justamente o aviso da chegada do último dia. Não sabemos quando será esse dia. E, por isso mesmo, devemos estar sempre preparados. Não fazer como fizeram os homens do tempo de Noé. Não atenderam aos avisos dele, que ia construindo a Arca, e continuaram em suas festas e orgias, até que chegou o dilúvio, em que todos pereceram. A palavra “Vigilância” é a tônica da mensagem evangélica: “Vigiai, pois não sabeis o dia em que o Senhor virá” (Mt. 24,42). Vigiar, no entanto, não significa simplesmente estar de olhos abertos, procurando estar ciente de tudo o que acontece em nossa volta, ou então querer policiar tudo, como em tempos de inquisição, para condenar os outros. O verbo grego GREGOREI indica a necessidade de estar preparado, e, para a teologia de Mateus, o estar preparado quer dizer constantemente empenhado com a prática da Justiça. O convite a vigiar, assim, é um convite ao compromisso ativo de cada pessoa da comunidade, um compromisso ético com a vida. Essa vigilância, como também nos ensina São Paulo, deve ser feita de fidelidade ao que pede de nós o Senhor: “Rejeitemos as obras das trevas, cinjamos as armas da luz. Convém ao dia, procedermos honestamente, sem orgias ou embriaguez, devassidão ou luxúria, contendas ou ciúmes. Revesti-vos, em vez disso, do Senhor Jesus Cristo, e não vos preocupeis com a carne, para satisfazer os seus desejos” (Rm. 13,12-14).
Nossa vida cristã deve ser uma vida de luz. Os malfeitores agem à noite. Quem faz o bem, age à luz do dia. E assim é o cristão. Ele não tem necessidade de se ocultar porque sempre procura fazer o bem. Preparando-se para o último dia, não com medo, mas com esperança. Nessa nossa caminhada de preparação espiritual para o Natal, chamado de Advento, não nos esqueçamos de queimar os espinhos do pecado e do egoísmo em nossos caminhos e que de suas cinzas possam nascer as flores do perdão, da alegria, da justiça e do amor. Um bom advento rumo a um Santo Natal!

Pe. Raimundo Neto
Pároco de São Vicente de Paulo

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