terça-feira, 18 de dezembro de 2007

IGREJA DEMONSTRA PREOCUPAÇÃO COM SAÚDE DE DOM CAPPIO

Helen BernardesCancão Nova Notícias, DF
O Vaticano enviou, no último sábado (15), uma carta a Dom Luiz Flavia Cappio, pedindo que ele encerre a greve de fome contra a transposição das águas do Rio São Francisco. Na carta o Vaticano diz que “é necessário conservar a vida, Dom de Deus e a integridade da saúde e que a continuidade do jejum, já muito prolongado e radical, colocando em risco a vida a sobrevivência, não é um meio aceitável e contradiz os princípios cristãos”. O documento afirma ainda “que o gesto já contribuiu para sensibilizar a opinião pública”. Segundo o secretário-geral da CNBB, Dom Dimas Lara Barbosa, a carta expressa a preocupação de todos com a saúde e a vida do bispo. “Eu conversei com ele ontem, surpreendentemente com uma voz forte, e ele disse que era uma carta fraterna e que está aberto ao diálogo”, afirmou.Ao mesmo tempo, o presidente da CNBB, Dom Geraldo Lyrio Rocha, também enviou uma carta ao bispo pedindo que reveja sua decisão e suspenda o jejum. “Nenhum de nós teve acesso ao conteúdo desta carta. Dom Geraldo escreveu sua posição pessoal”, destacou Dom Dimas.De acordo com o secretário-geral a Igreja não fechou um consenso sobre a greve de fome de Dom Cappio. “Nós não queremos deixar Dom Cappio sem apoio, até porque algumas de suas reivindicações são justas e deram resultado no seu primeiro protesto. Agora nós sabemos que mais este protesto não será em vão.”Ontem, dia 21, o bispo completa 21 dias sem se alimentar, ingerindo apenas água e soro caseiro para conter a desidratação e a anemia. Em todo o país, vários movimentos sociais se mobilizaram e também fazem jejum em solidariedade a Dom Cappio. Ontem, em Brasília o movimento esteve reunido na Praça dos Três Poderes em frente ao Palácio do Planalto. Com faixas e cartazes os manifestantes passaram o dia tomando apenas água. A noite um ato ecumênico encerrou o protesto que continua hoje com a chegada de índios, ribeirinhos e quilombolas vindos de várias partes do país. “O que nós queremos é o mesmo que o bispo pede: mais debate e mais informações sobre o projeto a sociedade, para que o povo possa decidir se ele quer ou não a transposição”, afirma Luiz Cláudio Mandela, representante da Cáritas do Brasil. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou atrás e abriu as negociações. No sábado assessores do Palácio do Planalto conversaram com Dom Cappio. Ontem, se reuniram com a CNBB e fizeram uma primeira proposta: ampliar o programa um milhão de cisternas e reforçar o projeto de revitalização do Rio São Francisco. Dom Dimas explicou que a CNBB está apenas intermediando uma negociação para encerrar o embate.As obras do Rio São Francisco estão paradas desde a última terça-feira (11), por causa de uma liminar concedida pela justiça. O exército que já havia iniciado os trabalhos em Cabrobó (PE), está parado. Com o recesso no final do ano os soldados só devem voltar ao trabalho depois do dia 7 de janeiro, se o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubar a liminar.Dom Cappio também aguarda uma decisão do STF. Um dos 14 processos que tramitam na suprema corte também pode ser julgado nesta semana. Caso haja decisão contrária a continuidade da obra, o bispo pode encerrar o jejum. A assessoria do STF adiantou que ainda não há nenhum processo na pauta. Se até amanhã, dia 19, nada for julgado, inicia-se o recesso do judiciário, e a decisão fica para o ano que vem.

Nenhum comentário: