A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) divulgou nota lamentando a morte do cardeal dom Aloísio Lorscheider, sepultado na quinta-feira, 27, no cemitério de Daltro Filho, em Imigrantes, a 130 km de Porto Alegre. "Com destemor e resistindo com bravura a ameaças e tentativas de intimidação, Dom Aloísio colocou a CNBB na vanguarda das lutas pelo retorno do País ao Estado de Direito", destaca a nota assinada pelo presidente da entidade, Maurício Azedo.
Abaixo, segue a íntegra da nota
A Associação Brasileira de Imprensa recebeu com profundo pesar a notícia do passamento do Cardeal Dom Aloísio Lorscheider, que marcou sua presença na vida do País pela fecunda atuação como destacado clérigo da Igreja Católica e como combatente da causa dos direitos humanos, a que ele se dedicou como um gigante, com serena determinação e firme coragem, no período mais impiedoso da ditadura militar, instaurado no Governo Garrastazu Médici e tornado sufocante pelo Ato Institucional nº 5-AI-5, imposto à Nação em 13 de dezembro de 1968 pelo arbítrio desenfreado então dominante.
Primeiro como Secretário-Geral, entre 1968 e 1971, e depois como Presidente da CNBB, de 1971 a 1978, Dom Aloísio Lorscheider em momento algum vacilou na defesa das vítimas da ditadura, que semeava o terror através de cassações, prisões, torturas e imposição de exílio aos que se empenhavam pelo restabelecimento das liberdades públicas e dos direitos civis, Seus crimes eram mantidos em silêncio sob o abrigo da férrea censura imposta à imprensa e aos meios de comunicação em geral. Foi esse um prolongado momento de vilania imposta à Nação pelo poder absolutista.
Com destemor e resistindo com bravura a ameaças e tentativas de intimidação, Dom Aloísio colocou a CNBB na vanguarda das lutas pelo retorno do País ao Estado de Direito, ao lado da ABI, que tinha então à sua frente outros destemidos paladinos da liberdade, como Prudente de Morais neto, Danton Jobim e Barbosa Lima Sobrinho, e da Ordem dos Advogados do Brasil, liderada nesse tormentoso transe da vida nacional por personalidades do porte de Raimundo Faoro, Eduardo Seabra Fagundes, Herman Baeta e Bernardo Cabral, entre outros.
Dom Aloísio impôs-se ao respeito da comunidade nacional pelo generoso desempenho como sacerdote devotado a um trabalho pastoral que teve como centros a opção pelos pobres e oprimidos, a compreensão dos deveres da Igreja para com os excluídos de toda natureza e sobretudo o amor à criatura humana. Essas virtudes granjearam-lhe respeito também no plano internacional, junto a seus pares da Conferência Episcopal Latino-Americana-Celam, cuja presidência exerceu, e ao colegiado de cardeais do mundo inteiro, que chegaram a cogitar de sua eleição para sumo pontífice, em 1978.
Comovida neste momento de dor e de luto, a ABI pede a Vossa Eminência que apresente as expressões de seu pesar à comunidade católica de todo o País e à família e aos amigos desse notável homem de Deus.”
Cordialmente,
Maurício Azedo
Presidente da ABI
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