domingo, 18 de novembro de 2007

PUBLICADO DOCUMENTO CONJUNTO CATÓLICO-ORTODOXO PARA O DIÁLOGO


Foi publicado pelo Vaticano na quinta-feira, 15, o documento conjunto, elaborado pela Comissão Mista para o Diálogo Teológico entre Católicos e Ortodoxos - um "documento de trabalho", que não exige a adesão da Igreja Católica nem da Ortodoxa.
No texto, as Igrejas Ortodoxas aceitam reconhecer o papa como "Primeiro Patriarca", mas discordam de suas prerrogativas. As divergências sobre os poderes do papa continuam sendo um obstáculo à unidade. Mas o fato de os ortodoxos estarem de acordo em reconhecer Bento XVI como "Primeiro Patriarca" é mais um passo no caminho ecumênico.
O documento está dividido em 46 pontos. A novidade, segundo algumas fontes, é que pela primeira vez os ortodoxos aceitam discutir o Primado de Pedro, principal obstáculo para a reunificação dos cristãos. O texto analisa também o conceito de "sínodo" e "concílio", as principais vias da comunhão entre as Igrejas locais.
O documento foi redigido por uma delegação da Igreja Católica liderada pelo presidente do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos, cardeal Walter Kasper, e outra das Igrejas ortodoxas, presidida pelo arcebispo metropolita Zizioulas, do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla. Também participaram do encontro, em outubro, em Ravena, na Itália, representantes das igrejas ortodoxas grega e cipriota.
O documento não foi assinado pela Igreja Ortodoxa Russa, que abandonou a reunião de Ravena em protesto contra a presença da Igreja Apostólica da Estônia, que o Patriarcado de Moscou não reconhece. O texto foi publicado simultaneamente em Roma, Atenas, Chipre e Istambul, sede do patriarcado ecumênico de Constantinopla.
As Igrejas do Oriente e Ocidente se separaram no cisma de 1054, com as excomunhões do Papa Leão IX e do patriarca Miguel Celurario. Desde então, passaram por quase mil anos de incompreensões e receios.
Os ortodoxos rejeitam o primado da Igreja Católica Apostólica Romana e infalibilidade do papa. Não reconhecem a validade dos sacramentos católicos, apesar de a Igreja Católica admitir, desde o Concílio Vaticano II, os da Igreja ortodoxa. Além das divergências teológicas, os ortodoxos acusam Roma de proselitismo e de tentar se expandir por territórios que estão sob seu controle.
João Paulo II disse em várias ocasiões que aceitaria que teólogos e especialistas discutissem o tema do Primado de Roma para buscar uma solução aceita por todos. Já Bento XVI considera a unidade dos cristãos um dos eixos de seu Pontificado e se declarou disposto a dar passos efetivos nessa direção. (CM)
* Fonte: Rádio Vaticano

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