sábado, 24 de novembro de 2007

A MISSÃO DOS CARDEAIS É A DE SEREM SERVOS, DIZ O PAPA

Foto do Consistório Ordinário Público
Ecclesia
Marcos Jolbert /Roma
O Papa Bento XVI celebrou neste sábado, dia 24, às 10h - horário de Roma -, o segundo Consistório Ordinário Público de seu pontificado deixando aos 23 novos Cardeais, entre eles, o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Pedro Scherer, uma forte mensagem contra o "arrivismo" ou o carreirismo dentro da Igreja, à qual se devem dedicar num "serviço de amor". Em sua homilia, o Papa lembrou que a missão dos cardeais é a de serem "servos", dedicando-se à Igreja até ao derramamento de sangue, como simboliza a púrpura do cardinalato. Na Basílica de São Pedro completamente lotada por 7 mil fiéis, que se somaram a 20 mil fiéis no exterior da igreja, que acompanharam a celebração através de quatro telões gigantes, Bento XVI quis acentuar que a vida dos cristãos não deve ser orientada por privilégios ou desejo de poder. "Todo o verdadeiro discípulo de Jesus pode aspirar apenas a uma coisa: partilhar a sua paixão, sem reivindicar qualquer recompensa", observou. Os cristãos são chamados a "assumir a sua condição de servo, seguindo os passos de Jesus, gastando a sua vida pelos outros de forma gratuita e desinteressada".
"O humilde dom de si mesmo pelo bem da Igreja deve caracterizar cada gesto e cada palavra nossa, não a busca do poder e do sucesso", prosseguiu o Papa. Para Bento XVI, "a verdadeira grandeza cristã não consiste em dominar, mas em servir" e é "o ideal que deve orientar" o serviço dos Cardeais. "Passando a fazer parte do colégio cardinalício, o Senhor pede-vos um serviço de amor: amor por Deus, pela sua Igreja, pelos irmãos, com uma dedicação máxima e incondicional, usque ad sanguinis effusionem (até ao derramamento de sangue), como reza a fórmula de imposição do barrete e como mostra a cor vermelha das vestes", destacou. Citando uma passagem do Evangelho, em que os discípulos discutiam qual deles seria o mais importante, o Papa referiu que "o arrivismo levou a melhor, por um momento, sobre o medo que os tinha assaltado, a ambição leva os filhos de Zebedeu (os Apóstolos João e Tiago) a reivindicar para si mesmos os melhores lugares no mundo messiânico dos fins dos tempos"."Na corrida aos privilégios, os dois sabem bem aquilo que querem, bem como os outros dez, apesar da sua virtuosa indignação. Na verdade, porém, eles não sabiam o que estavam a pedir", explicou. Bento XVI mostrou-se ainda consciente dos riscos que a nova missão implica para os Cardeais, pedindo "doçura e respeito" mesmo nas maiores dificuldades. "Sei bem, quanta fadiga e sacrifício comportam o cuidado das almas, mas conheço a generosidade que sustenta a vossa atividade apostólica quotidiana", constatou. "Nas circunstâncias que estamos a viver, me é grato confirmar o meu sincero apreço pelo serviço fielmente prestado por vós em tantos anos de trabalho nos vários âmbitos do ministério eclesial", declarou aos 23 Cardeais hoje criados, a quem pediu uma "estreitíssima comunhão com o Bispo de Roma".O Papa fez questão de sair da Basílica do Vaticano para ir cumprimentar os que se encontravam na Praça de São Pedro, enfrentando o frio e o vento, aos quais agradeceu "a vossa presença orante e a vossa participação neste momento tão importante".Numa breve intervenção, Bento XVI frisou que os novos Cardeais a universalidade da Igreja, que "abraça todos os povos, todas as culturas"."Bom Domingo, obrigado pela vossa presença", concluiu. Amanhã, Solenidade de Cristo Rei, os Cardeais celebram com Bento XVI na Basílica de São Pedro, onde terá lugar a entrega do anel cardinalício, antecedida pela fórmula "recebe o anel da mão de Pedro, sinal de dignidade, de solicitude pastoral e de mais sólida comunhão com a Sede de Pedro".

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