Mateus 16, 21-27
VIGÉSIMO SEGUNDO DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO A
No evangelho de hoje (Mateus 16,21-27), percebemos três partes, nas quais, Jesus: a) anuncia a seus discípulos sua paixão, morte e ressurreição com a consequente reação negativa de Pedro; b) expõe as condições do seguimento; c) prediz a vinda gloriosa do Filho do homem. Neste evangelho, vemos claramente que Jesus rechaça energicamente a insinuação de Pedro: “afaste-se de mim, satanás! Você está sendo uma pedra de tropeço no meu caminho, porque seu modo de pensar não é o de Deus, mas o dos homens”. E acrescenta: se alguém me quiser seguir, renuncie a si mesmo, carregue a santa cruz e me siga. Aquele que quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas quem perder a vida por causa de mim, há de encontrá-la. Estas são as condições de Jesus para quem quer ser discípulo. Tais exigências requerem uma opção totalizante pelo Reino de Deus, como fez o próprio Cristo, e, antes dele, os profetas, e como haverá de repeti-la o seguidor de Jesus.
Jesus aponta as condições para o seguir. Tomar a cruz é seguir o caminho que Jesus procura dar à vida pelos nossas ideias, enfrentar, se necessário for, até a perseguição e a morte para permanecer fiel ao Evangelho. Deus atrai-nos, seduz-nos para seu seguimento, mas não com promessas falsas. Ele exige o sofrimento de fidelidade, a cruz do amor oferecida aos irmãos. O homem moderno, qual criança mimada no capricho e na abundância, não aprecia valores do espírito como renúncia e ascese. Mas assume a cruz e pratica a abnegação, com condições de seguimento de Jesus, que não é atentado à personalidade, mas libertação do nosso eu egoísta e mesquinho para abrir-se ao autodomínio e à entrega aos outros. Isto nos possibilita uma maior maturidade e plenitude humana.
No Evangelho refletido hoje, Jesus usa a dialética da vida temporal e da vida eterna. O ideal cristão não defende a separação de uma e de outra. Somos chamados a viver os compromissos humanos sem esquecer a sua relação com Deus. Somos conscientes deque, ao partir deste mundo, só levaremos a riqueza espiritual que tivemos conquistado pela perseverança no amor e pela prática generosa do bem. Não é correto fazer o bem para acumular merecimentos e ganhar em troca a vida eterna. O certo é fazer o bem e amar, motivados unicamente pelo amor a Deus. Vivemos em harmonia com a vontade divina, motivados sempre pelo amor que deve ser a força que ajuda a percorrer o caminho do Senhor. Lutemos, trabalhemos para ter os bens necessários para nossa vida, mas coloquemos em primeiro lugar a conquista dos bens espirituais que Deus põe ao nosso alcance. Os bens materiais devem ser um meio para conquistar os bens espirituais.
Neste domingo do segmento a Jesus, peçamos ao Senhor para que sejamos sempre fiéis ao seu amor, ao seu ensinamento e ao anúncio de sua boa nova. Um feliz domingo a todos.
Pe. Raimundo Neto
Pároco de São Vicente
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