Relíquias na canonização de Santa
Teresa de Calcutá/ Foto: Daniel Ibáñez (ACI Prensa)
DENVER, (ACI).- Uma das tradições
mais fascinantes, e talvez uma das mais questionáveis ??na Igreja Católica, é a
veneração das relíquias.
Para explicar a importância desta
prática, a CNA – agência em inglês do Grupo ACI – entrevistou o Pe. Carlos
Martins, custódio de relíquias e diretor do ministério Tesouros da Igreja, que
translada os restos de vários santos nos Estados Unidos para a sua veneração.
Para começar, o sacerdote fez uma
definição do que são relíquias: “objetos físicos que estão associados
diretamente com os santos ou com nosso Senhor”.
O sacerdote esclareceu que a palavra
relíquia significa “um fragmento” ou “o resíduo de uma coisa que foi, mas agora
já não é”.
Pe. Martins explicou que as relíquias
podem ser de três tipos:
1. As de “primeira classe”, ou também chamadas de
primeiro grau, são “o corpo ou os fragmentos do corpo de um santo, como a carne
ou um osso”.
2.
Osso de Santa Rosa/ Foto: Martha
Calderón (ACI Prensa)
Cabelo de São Maximiliano Kolbe/
Foto: Martha Calderón (ACI Prensa)
2. As relíquias de “segunda classe”
são “algo que pertenceu ao santo, como uma camisa ou um livro (ou fragmentos
desses objetos)”;
Roupa de São Francisco e de Santa
Clara/ Foto: Martha Calderón (ACI Prensa)
Batina de São Maximiliano Kolbe/
Foto: Martha Calderón (ACI Prensa)
3. E as de “terceira classe” que são
“os objetos que o santo tocou ou que foram tocados por uma relíquia de
primeira, segunda ou outra de terceira classe de um santo”.
Reliquia de terceiro de terceiro grau
sobre o osso de Santo Tomás de Aquino / Foto: Ximena Rondón (ACI Prensa)
O presbítero esclareceu que “qualquer
parte do corpo do santo é sagrada e pode ser colocada em um relicário”. Os
ossos, a carne, os cabelos e o sangue também são considerados relíquias.
Em relação às origens da veneração
das relíquias, Pe. Martins indicou que remonta ao século II, quando os cristãos
recuperaram os restos dos mártires porque essas pessoas tinham sido discípulos
fiéis de Cristo.
O sacerdote comentou que durante os
primeiros séculos da Igreja também “era uma tradição construir um templo em
cima do túmulo de um santo” e citou como exemplo a basílica de São Pedro e a de
São Paulo Extramuros, onde o túmulo dos santos está embaixo do altar.
Nesse sentido, destacou que com essa
evidência arquitetônica é possível confirmar a autenticidade de uma relíquia, o
que é “criticamente importante”.
Sobre o valor das relíquias, indicou
que a Bíblia “ensina que Deus age através delas, especialmente em termos de
cura”. Indicou que alguns desses acontecimentos foram narrados em 2Re 13,20-21;
Mt 9,20-22; At 5,15; e At 19,11-12.
Do mesmo modo, esclareceu que “as
relíquias não são mágicas. Não contêm um poder próprio, um poder separado de
Deus”, e disse que o Senhor as usa como um meio para realizar os seus milagres
porque “quer chamar a nossa atenção para os santos como ‘modelos e
intercessores’”.
Em relação ao modo como devem ser
conservadas, o sacerdote manifestou que “a maior honra que a Igreja pode
conceder a uma relíquia é colocá-la dentro de um altar onde possam celebrar
a Missa”.
“Esta prática é realizada desde os
primeiros séculos da Igreja. De fato, os túmulos dos mártires eram os altares
mais valiosos para a liturgia. Outra alternativa é colocá-las em um nicho
devocional onde as pessoas possam venerá-las. Esses santuários são importantes
porque proporcionam às pessoas uma experiência mais profunda de intimidade com
o santo”, acrescentou.
Por outro lado, indicou que “a Igreja
não proíbe que os leigos possuam relíquias. Eles podem tê-las em suas casas”.
Entretanto, disse que, devido aos
muitos abusos que foram perpetrados contra as relíquias – como a venda e a
negligência – “a Igreja já não emitirá relíquias aos indivíduos, nem mesmo ao
clero”.
Em relação à devoção às relíquias
apresentadas nas cerimônias de beatificação e de canonização, Pe. Martins
explicou que antes que a pessoa seja beatificada, “o túmulo é exumado e os
restos mortais são recuperados”. Estes podem ser transladados para uma igreja,
capela ou oratório.
Depois da beatificação, a Igreja
Católica “só permite a devoção local. Ou seja, a devoção no país onde o
indivíduo viveu e morreu”.
“Quando a Madre Teresa de Calcutá foi
beatificada, apenas na Índia e na Albânia, onde ela nasceu, foi permitida a sua
devoção. Por exemplo, não poderia celebrar uma Missa em sua honra nos Estados
Unidos, nem colocar as suas relíquias nos altares deste país”, destacou.
Depois da canonização, a Igreja já
permite “uma devoção universal”.
Fonte:
ACI Digital
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