Papa Francisco na praça São Pedro.
Foto: Daniel Ibáñez / ACI Prensa
Vaticano, 07 Jul. 17 / 05:00 pm (ACI).- O Papa Francisco
pediu aos líderes mundiais presentes na cidade alemã de Hamburgo durante a
reunião do G20 que detenham a “atual corrida armamentista” e renunciem “a se
envolver direta ou indiretamente em conflitos”: “A guerra nunca é a solução”,
exclamou.
O Santo Padre fez esta declaração na
carta enviada a chanceler alemã, Angela Merkel, por ocasião da reunião do G20,
na qual estão presentes os Chefes de Estado e de Governo das economias mais
importantes do mundo, entre eles o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump,
e da Federação Russa, Vladimir Putin.
O Pontífice quis oferecer a sua
contribuição para a reflexão no encontro, reflexão que pode servir para avaliar
os resultados obtidos no final.
Para isso, Francisco se remeteu ao
documento programático do seu pontificado, a Exortação Apostólica Evangelii
Gaudium, na qual propõe quatro princípios de ação para a construção de uma
sociedade fraterna, justa e pacífica:
O tempo é superior ao espaço
Assinalou que “a gravidade e a
complexidade das problemáticas mundiais impedem soluções imediatas e
satisfatórias”.
Um desses problemas é o drama das
migrações “inseparável da pobreza e exacerbado pelas guerras”, que constitui
“uma prova”. Todavia, disse “que é possível colocar em ação processos que sejam
capazes de oferecer soluções progressivas e não traumáticas” à migração,
soluções que conduzam, “em tempos relativamente breves, a uma livre circulação
e a uma estabilidade das pessoas que sejam vantajosas para todos”.
Francisco também pediu aos Chefes de
Estado e de Governo do G20 uma solução pela trágica situação do Sudão do Sul,
nos Grandes Lagos, Chade, Chifre da África e Iêmen, “onde 30 milhões de pessoas
não têm alimento e água para sobreviver”.
A unidade prevalece sobre o conflito
“A história da humanidade, inclusive
hoje, nos apresenta um vasto panorama de conflitos atuais ou potenciais”,
lamentou o Santo Padre. “A guerra jamais é a solução”, advertiu aos líderes
mundiais.
Segundo Francisco, “o objetivo do
G20, e dos outros encontros mundiais parecidos, é resolver em paz as diferenças
econômicas e buscar regras financeiras e comerciais comuns que permitam o
desenvolvimento integral de todos”.
Entretanto, esse objetivo “só será
possível se todas as partes se empenharem em reduzir substancialmente os níveis
de conflitualidade, deter a atual corrida armamentista e renunciar a se
envolver direta ou indiretamente em conflitos, assim como não aceitarem a
discutir de uma forma honesta e transparente todas as diferenças”.
Sublinhou que “é uma trágica
contradição e incoerência a aparente unidade em fóruns econômicos e sociais e a
persistência de conflitos bélicos”.
A realidade é mais importante do que
a ideia
“As trágicas ideologias da primeira
metade do século XX foram substituídas por novas ideologias da autonomia
absoluta dos mercados e da especulação financeira”. Essas ideologias, disse o
Bispo de Roma, “deixam um rastro de exclusão e de descarte, e inclusive de
morte”.
Em vez disso, “nas vitórias políticas
e econômicas, que também não faltaram no século passado, haja sempre um bom e
prudente pragmatismo, guiado pela prioridade ao ser humano e pela busca de uma
integração e coordenação de realidades diferentes a partir do respeito de cada
cidadão de maneira especial”.
O todo é superior às partes
O Papa Francisco explicou que os
problemas “são resolvidos em concreto e dando total atenção devido a sua
peculiaridade, mas as soluções, para que sejam duradouras, não podem carecer de
uma visão ampla e devem considerar as repercussões sobre todos os países e
todos os cidadãos, respeitando os seus pontos de vista e opiniões”.
Assim, terminou o Santo Padre, “é
importante sempre fazer referência às Nações Unidas, às agências associadas e
respeitar os tratados internacionais e continuar promovendo o multilateralismo,
com o objetivo de que as soluções sejam verdadeiramente universais e duradouras
em benefício de todos”.
Fonte:
ACI Digital
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