Padre Geovane Saraiva*
O
Papa Francisco neste domingo (14/06/2015), no final da oração do
Angelus, durante as saudações aos fiéis e peregrinos presentes na Praça
de São Pedro, recordou a publicação da sua Encíclica (18/06/2015) sobre o
cuidado com a criação, convidando o povo de Deus a acompanhar este
acontecimento com uma renovada atenção às situações de degradação
ambiental, mas também de recuperação, nos próprios territórios. Ao mesmo
tempo em que pediu orações para que todos possam receber a sua mensagem
e crescer na responsabilidade para com a casa comum que Deus confiou a
todos.
Um
homem, ‘voz que clama do deserto’, que foi enviado por Deus e cujo nome
se chamava João, se personifica hoje no Papa Francisco. O Evangelho de
São João, logo no início, depois do prólogo, trata do batismo realizado
por João no Rio Jordão, batizando o autor do batismo nas águas
santificadas, tendo como ponto alto o seu encontro com Jesus, que ao ver
passar, reconheceu-o e assim se expressou: “Eis o Cordeiro de Deus,
aquele que tira o pecado do mundo” (cf. Jo 1, 29).
Que
João Batista nos ajude a perceber a insatisfação e o gemido do planeta.
Ele é lembrado como uma pessoa que viveu com muita seriedade,
austeridade e rigor, anunciando tempos novos, no binômio, verdade e
justiça, na promessa do sonho de um futuro tão esperado para a
humanidade. Entendo que a Encíclica do Santo Padre, o Papa Francisco, no
cuidado com a criação, em tempos distantes é claro, está em estreita
sintonia com a manifestação de Deus no seio de Isabel e no nascimento de
João Batista, que causou enorme alegria ao mundo, na realização de sua
promessa, com tempos novos, tempos messiânicos. Foi a esterilidade de
seu Pai, Zacarias, que se transformou em fecundidade e o homem mudo, que
passou a ser um profeta corajoso e exuberante (cf. Lc 1, 57).
Para
vivermos bem e realizados, é necessário que se faça o seguimento de
Jesus de Nazaré, a partir da exigência, que tem origem no seu projeto de
amor para conosco, através da experiência central e decisiva, na
obediência ao projeto do Pai em favor da humanidade, a exemplo de João
Batista, que recebeu a imprescindível missão de testemunhá-Lo como luz e
desse modo preparar um povo bem disposto a acolhê-Lo. Foi ele que
preparou o povo para o início da missão pública de Jesus, dizendo com
todas as letras que ele mesmo caminharia à frente do Cristo Jesus,
anunciando que os sinais dos tempos chegaram e as promessas anunciadas
por Zacarias estavam para se realizar. O seu vibrante convite foi o de
acordar o povo do sono, muitas vezes profundo, para reconhecer o
Salvador, como o sol que veio nos visitar. Francisco com sua Encíclica
sobre a ecologia, no seu sentido mais amplo, nos propõe aquele vibrante
convite feito por aquele que batizou O Autor do batismo, há dois mil
anos.
No
mundo em que vivemos, diante das prioridades dos projetos megalômanos,
muitas vezes em detrimento da pessoa humana, sem esquecer o meio
ambiente, com todo seu ecossistema, guardemos como ensinamento e
inspiração as palavras sábias e proféticas do glorioso São João Batista:
“É necessário que Ele cresça e eu diminua” (cf. Jo 3, 30). A afirmação
de Jesus, “Eis-me aqui, ó Pai, para fazer a tua vontade” (cf. Hb 10, 9),
nos indica o caminho da verdade e da vida, através do próprio Filho de
Deus, que ao Se encarnar e entrar no mundo realiza a vontade Daquele que
O enviou. Daí a importância de olharmos para a grandeza do precursor,
do homem que se alimentava de gafanhotos e mel da selva, figura humana e
divina, que recebeu o maior de todos os elogios do seu Mestre e Senhor,
ao afirmar: “Dos nascidos de mulher, ninguém é maior que João Batista”
(cf. Mt 11, 11). Associados ao mistério da encarnação, saibamos olhar
para a afirmação do Romano Pontífice, sobre a degradação ambiental e
acolhê-la com responsabilidade, conforme sua carinhosa solicitação.
Assim seja!
*Escritor,
blogueiro, colunista, vice-presidente da Previdência Sacerdotal e
Pároco de Santo Afonso, Parquelândia, Fortaleza-CE – geovanesaraiva@gmail.com
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