Durante a audiência com os membros da Associação de Jovens Profissionais Toniolo, Francisco incentivou os jovens a "sujarem as mãos", considerando que diante deles existe "uma vida para gastar, não para guardar". O Pontífice mencionou a paz tão necessária: "Onde estão os empreendimentos ousados, as visões corajosas? E de quem elas podem vir, se não de corações jovens e destemidos?"
Thulio Fonseca - Vatican News
O Papa recebeu em audiência na manhã desta sexta-feira (12/01),
os participantes do encontro promovido pela Associação de Jovens Profissionais
Toniolo. O Santo Padre iniciou seu discurso expressando sua gratidão e apreço
pelos trabalhos da Associação, e pela colaboração com os Dicastérios da Cúria e
com as Representações Pontifícias nas Nações Unidas.
“É muito bom que cada
um de vocês possa adquirir experiência em contato com o ministério petrino,
através do trabalho com instituições internacionais e amadurecendo uma
experiência de fé vivida, de vida cristã que enfrenta os desafios atuais do
mundo. Vossa presença também faz muito bem às nossas instituições, nas quais
vocês trazem um sopro de ar fresco, a capacidade de sonhar, o desejo de olhar
adiante.”
Refletir o brilho da juventude, não das telas
Em
oposição ao "pensamento reduzido", que olha apenas para "os
próprios interesses imediatos e limitados", o Pontífice evidencia sua
preocupação para com as novas gerações:
“O que alguns chamam
de "pensamento reduzido" parece estar se espalhando: um pensamento
composto de poucos caracteres, que se apaga rapidamente; um pensamento que não
olha para cima e para frente, mas para o aqui e agora, resultado das
necessidades do momento, parece substituir o pensamento já "fraco" do
pós-moderno. Diante da complexidade da vida e do mundo, esse pensamento
"reduzido" leva à generalização e à crítica, à simplificação e à
manipulação da realidade, na busca de seus próprios interesses imediatos em vez
do bem do próximo e do futuro de todos.”
“Fico preocupado quando ouço
falar de jovens presos atrás de uma tela, com seus olhos refletindo luzes
artificiais em vez de deixar sua criatividade brilhar. Porque ser jovem não é
ter o mundo em suas mãos, mas sujar as mãos em prol do mundo; é ter uma vida
para gastar, não para guardar.”
Os jovens de hoje estão “abatidos” e "anestesiados"
Francisco
ressaltou que muitos jovens hoje em dia são "espremidos", forçados a
"performances cada vez mais exigentes", ou parecem estar
"abatidos e anestesiados" em vez de comprometidos "com um livro
ou com um irmão necessitado":
“Eu lhes pergunto: vocês
sonham? Vocês têm uma inquietação em seus pensamentos, em seu coração? Vocês
são inquietos ou já são jovens "aposentados"? Não se esqueçam: sonhem
com inquietude.”
"É triste ver os
jovens abatidos e anestesiados, estirados em sofás em vez de engajados em
escolas e ruas, curvados sobre suas telas em vez de estarem diante de um livro
ou de um irmão necessitado. Isso é triste. Os jovens que são profissionais por
fora e sem graça por dentro, pressionados pelo dever, refugiam-se na busca do
prazer. Todos nós precisamos da criatividade e do impulso que somente vocês,
jovens, podem nos dar: em suas mãos estão a criatividade e o impulso, a sede de
verdade, o grito de paz, a visão do futuro - precisamos dessas coisas! -, de
seus sorrisos de esperança. Eu gostaria de dizer a vocês: levem isso para onde
vocês atuam, colocando-se em risco sem medo. Coloque-se em ação. Porque os
jovens são as alavancas que renovam os sistemas, não as engrenagens que
precisam mantê-los vivos."
Reconstrutores da paz
"A
vida pede para ser doada, não administrada", reiterou o Papa, ao lembrar
do Beato Giuseppe Toniolo que, com base na fé, se comprometeu a "dar um
rosto humano à economia". Segundo Francisco, o tema da paz é hoje mais
urgente do que nunca, e sobre isso chama a atenção dos jovens, reforçando a
aspiração e o compromisso com a paz que sempre distinguiram a atividade
diplomática, mas que agora parecem ter esquecido seu papel na recomposição das
relações entre as nações.
"As guerras são
o resultado de relações de poder prolongadas, sem um começo definido e sem um
fim definido. Mas onde estão os empreendimentos ousados, as visões corajosas? E
de quem elas podem vir, se não de corações jovens e destemidos que acolhem o
bem dentro de si e compreendem o Evangelho como ele é, para escrever novas
páginas de fraternidade e esperança? Essa é vossa missão, vossa vocação."
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