"A linguagem da caridade.
Foi a língua falada por Santa Isabel, por quem este povo tem grande devoção e
estima", disse Francisco em seu discurso, ressaltando que Santa Isabel da
Hungria "não só gastou os seus bens, mas também a sua vida a favor dos
últimos, dos leprosos, dos doentes até ao ponto de tratar deles pessoalmente e
carregá-los nas costas. Esta é a linguagem da caridade".
Mariangela
Jaguraba - Vatican News
O Papa Francisco encontrou-se
com os pobres e os refugiados, na Igreja de Santa Isabel, em Budapeste, na
Hungria, na manhã deste sábado (29/04), no âmbito de sua 41° viagem apostólica
internacional.
"Os pobres e os necessitados – nunca o esqueçamos – estão
no coração do Evangelho: de fato, Jesus veio «anunciar a Boa-Nova aos pobres».
Assim eles indicam-nos um desafio apaixonante, para que a fé que professamos
não fique prisioneira de um culto distante da vida, nem se torne presa de uma
espécie de «egoísmo espiritual», isto é, de uma espiritualidade que eu mesmo
construo à medida da minha tranquilidade interior e da minha satisfação",
disse o Papa.
Santa
Isabel sentiu o desejo de cuidar dos necessitados
Segundo
Francisco, "a verdadeira fé é aquela que desinquieta, que arrisca, que faz
sair ao encontro dos pobres e nos torna capazes de falar, com a vida, a
linguagem da caridade".
A linguagem da
caridade. Foi a língua falada por Santa Isabel, por quem este povo tem grande
devoção e estima. Ao chegar esta manhã, vi na praça a sua estátua, com o sopé
que a representa enquanto recebe o cordão da ordem franciscana e,
contemporaneamente, oferece água a um pobre para lhe matar a sede. Santa
Isabel, filha de um rei, crescera no conforto da vida de corte, num ambiente
luxuoso e privilegiado; e contudo, tocada e transformada pelo encontro com
Cristo, bem depressa sentiu que devia rejeitar as riquezas e vaidades do mundo,
advertindo o desejo de se despojar delas e cuidar dos necessitados.
“Assim, não só gastou os
seus bens, mas também a sua vida a favor dos últimos, dos leprosos, dos doentes
até ao ponto de tratar deles pessoalmente e carregá-los nas costas. Esta é a
linguagem da caridade.”
Acolhimento
dos refugiados da Ucrânia
A seguir,
o Papa comentou alguns testemunhos que ouviu antes de seu discurso. Sobre o que
disse Brigitta, Francisco ressaltou que ela "experimentou a proximidade do
Senhor graças à Igreja greco-católica, a tantas pessoas que se prodigalizaram
para a ajudar, encorajar, encontrar um emprego e sustentá-la nas necessidades
materiais e no caminho da fé. Eis o testemunho que nos é pedido: a compaixão
para com todos, especialmente por quantos estão marcados pela pobreza, a doença
e o sofrimento. Precisamos de uma Igreja que fale fluentemente a linguagem da
caridade, idioma universal que todos escutam e compreendem, mesmo os mais
afastados, mesmo aqueles que não acreditam".
E a propósito exprimo
a minha gratidão à Igreja húngara pelo compromisso posto na caridade, um
compromisso capilar: ela criou uma rede que liga muitos agentes pastorais,
muitos voluntários, as caritas paroquiais e diocesanas, mas também grupos de
oração, comunidades de fiéis, organizações pertencentes a outras Confissões,
mas unidas na comunhão ecumênica que brota da caridade.
“Obrigado pela forma como
vocês acolhem – não só com generosidade, mas também com entusiasmo – tantos
refugiados da Ucrânia.”
A
caridade preocupa-se com a pessoa e deseja reerguê-la
A seguir,
o Papa comentou o testemunho de Oleg e sua família refugiados ucranianos na
Hungria, onde Oleg trabalha como cozinheiro e encontrou hospitalidade generosa.
"A
lembrança do amor recebido reacende a esperança, encoraja a empreender novos
caminhos de vida. Com efeito, mesmo na tribulação e no sofrimento, encontra-se
coragem para continuar quando se recebeu o bálsamo do amor: é a força que ajuda
a acreditar que nem tudo está perdido e que é possível um futuro
diferente", disse ainda o Santo Padre.
Infelizmente, também
aqui muitas pessoas estão literalmente privadas de um teto: muitas irmãs e
irmãos marcados pela fragilidade – sozinhos, com várias limitações físicas e
mentais, destruídos pelo veneno das drogas, saídos da prisão ou abandonados
porque idosos – são afetados por formas graves de pobreza material, cultural e
espiritual, e não têm um teto e uma casa para morar.
Zoltàn,
diácono, e sua esposa Ana também deram o seu testemunho acerca desta grande
chaga que os levou, com coragem e generosidade, graças à ação do Espírito
Santo, a construir um centro para acolher as pessoas sem-teto. A pessoa
"renasce quando experimenta que, aos olhos de Deus, é amada e abençoada.
Isto vale para toda a Igreja: não basta dar o pão que alimenta o estômago, é
preciso nutrir o coração das pessoas! A caridade não é mera assistência
material e social, mas preocupa-se com a pessoa inteira e deseja reerguê-la com
o amor de Jesus: um amor que ajuda a readquirir beleza e dignidade".
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