No dia 14 de setembro celebramos a festa da Exaltação da Santa Cruz. No
calendário litúrgico cristão há várias festas relacionadas à Cruz, todas com a
intenção de relembrar a crucificação de Jesus Cristo, evento central da fé,
como dizem o apóstolo São Paulo: “nós pregamos Cristo crucificado, que é
para os judeus, na verdade, uma pedra de tropeço, e para os gentios uma
estultícia; mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, Cristo,
poder de Deus e sabedoria de Deus” (1Cor 1 23-24). Enquanto a Sexta-Feira Santa
é dedicada à paixão e crucificação, a festa da Exaltação da Santa Cruz,
em 14 de setembro, celebra a cruz como instrumento de salvação, fonte de
santidade e símbolo revelador da vitória de Jesus sobre o pecado e a morte. A
cruz sobre a qual Jesus sofreu era, originariamente, apenas um instrumento
material de sua morte. Mas já na época dos apóstolos ela se transformou em
símbolo de redenção operado por Cristo e, portanto, símbolo da fé cristã.
Segundo a tradição, a Vera Cruz (verdadeira cruz) foi descoberta em 326
por Santa Helena de Constantinopla, mãe do Imperador Constantino Magno,
que deu liberdade religiosa à Igreja depois de 250 anos de perseguição. Ela
viajou como peregrina para a Terra Santa. Aí ela mandou fazer diligentes
pesquisas a fim de descobrir e identificar a verdadeira cruz de Cristo. A
Igreja do Santo Sepulcro foi construída no local da descoberta, por ordem de
Helena e Constantino. A igreja foi dedicada nove anos depois em 335, com uma
parte da cruz em exposição. Em 13 de setembro ocorreu a dedicação da igreja e a
cruz foi posta em exposição no dia 14 de setembro, para que os fiéis pudessem
orar e venerá-la. Em 614 os persas invadiram a cidade e tomaram a cruz, que foi
recuperado pelo Imperador Bizantino Heráclito em 628. Pouco depois a cruz
retornou ao Santo Sepulcro (cf. O Santo do Dia, S. Conti, Vozes, 1990, p.402).
Quem pensa que o amor, a glória, a onipotência de Deus tenham sido
revelados somente quando Jesus operava milagres, permanece espantado quando, no
evangelho de São João, lê que o momento mais alto da manifestação da glória de
Deus acontece quando seu Filho é levantado na cruz. É no Calvário que o Pai
chega a dizer-nos, da maneira mais clara, quanto no ama. Ali se rompeu todo véu
que nos impedia de ver o seu rosto (cf. Celebrando a Palavra, F. Armellini,
Editora Ave-Maria, 2001, p.138).
Segundo O Missal Romano: “A Cruz, sinal do mais terrível entre os
suplícios, é para o cristão a árvore da vida, o tálamo, o trono, o altar da
nova aliança. De Cristo, novo Adão adormecido na cruz, jorrou o admirável
sacramento de toda a Igreja. A Cruz é o sinal do senhorio de Cristo sobre os
que no Batismo são configurados a ele na morte e na glória”. São Paulo nos diz:
“Pois se fomos totalmente unidos, assimilados à sua morte, o seremos também à
sua Ressurreição” (Rm 6, 5). Na tradição dos Padres, a cruz é o sinal do Filho
do Homem que comparecerá no fim dos tempos “Então aparecerá no céu o sinal do
Filho do Homem; e todas as tribos da terra baterão no peito; e elas verão o
Filho do Homem vir sobre as nuvens do céu na plenitude do poder e da glória”
(Mt 24.30). Com o olhar voltado para o mistério central de nossa fé, pedimos a
Deus podermos sempre participar dos frutos da Redenção até conseguirmos a
glória da Ressurreição. A morte de Jesus foi um exemplo de honestidade, de
coerência de adesão à verdade até o supremo sacrifício de si. Por isso, a
Paixão e morte de Jesus são desde sempre o símbolo da morte do justo que
suporta heroicamente o martírio, para não trair a sua consciência nem as
exigências da verdade e da lei moral.
Pe. Brendan Coleman Mc Donald, Redentorista e Assessor da CNBB Reg.
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