No dia 11 de julho a Igreja comemora São Bento. Bento quer dizer bênção, bendizer, abençoar. Bênção é considerada como uma manifestação da força divina e passa de pai para filho, pela palavra transmitida e mesmo pelo gesto das mãos. Olhemos para Jesus, ao chamar para si as crianças, abençoando-as (cf. Mt 19, 14). É nesse sentido que devemos olhar para São Bento, que nasceu em Úmbria, na Itália (480-547). Estudou na cidade eterna e tornou-se uma figura humana extraordinária, que marcou e influenciou em profundidade os destinos da humanidade, ao escolher o Senhor por sua herança e taça, consciente de que lhe coube por sorte uma boa parte; sim, o mais belo e maravilhoso: a eternidade (cf. Sl 15, 5).
São Bento vai para a gruta de Subiaco, reunindo um grupo de fiéis seguidores, com o desejo de viverem a partir do Evangelho, fazendo uma rica experiência do amor de Deus, indo mais tarde para o Monte Cassino. Não existiam até então na Europa, ao contrário do Oriente, instituições com uma força mística dessa natureza. São Bento, na busca da perfeição e do absoluto de Deus, sentiu-se inspirado e motivado para a contemplação e o tempo de solidão naquela gruta o favorece como lugar apropriado e sagrado. Subiaco foi preciosíssimo e fundamental no seu projeto de vida, à luz da Palavra de Deus. Ele deixou para trás sua casa, seus bens e sua família, com uma única vontade: a de experimentar e fazer a vontade de Deus, buscando um estilo de vida e de santidade, pela oração e pelo trabalho, que escolheu como lema: “Ora et labora”.
O Monte Cassino foi o local sagrado e de fato próximo da glória de Deus. Lá construiu o célebre mosteiro e escreveu a sua regra de vida, difundida em muitos países da Europa, valendo o título de Patriarca do Monaquismo do Ocidente. No cume de um lugar santo e abençoado, lugar de Deus (cf. Mt 5, 1ss), edificou o mosteiro, considerado centro de irradiação da vida monástica, da contemplação, da oração e da meditação, e realizou o sonho ideal da vida consagrada, vivendo em comunidade a boa-nova de Deus, sob o comando de um mestre espiritual: o abade. Esse jeito de viver cresceu de tal modo que duzentos anos mais tarde a regra de São Bento vigorava em toda a Europa, eliminando praticamente todas as demais formas de vida consagrada.
Convencidos de que São Bento é bênção e patrimônio para todos nós cristãos, que ele nos inspire, na nossa contraditória realidade, com seus desafios e exigências, a vivermos, a seu exemplo, nossa fé decorrente do batismo, conscientes de que somos chamados à ascese cristã, através do trabalho e da contemplação do mistério a nos extasiar e envolver, a encontrar Jesus, nosso Mestre e Senhor. Numa palavra, buscar com equilíbrio o sentido para a nossa vida, a partir do lema de São Bento de Núrsia: “Ora et labora”.
*Pároco de Santo Afonso e vice-presidente da Previdência Sacerdotal, integra a Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza – geovanesaraiva@gmail.com
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