Padre Geovane
Saraiva*
Os profetas são aquelas pessoas chamadas e enviadas, com a missão de falar em alto e bom tom a respeito do projeto de Deus para a humanidade; de proclamar ou anunciar as mudanças de costumes, de maneira a tocar intimamente o coração dos homens. Mais ainda e ao mesmo tempo em que obediente e fiel ao seu Mestre e Senhor, querem animar e colocar um espírito novo no coração dos desanimados, tal qual aconteceu com Amós: “O Senhor chamou-me quando tangia o rebanho e o senhor me disse: Vai profetizar para Israel, o meu povo” (cf. Am 7, 15). Neste mesmo sentido, o exemplo maior vem do próprio Vigário de Cristo na terra, o Papa Francisco, na sua mística e força inabaláveis, ao assumir a condição de profeta e peregrino da esperança, no emblemático lema de São Francisco de Sales: “Fazer-se tudo para todos”.
Quando nos voltamos para o
Santo Padre, O Papa Francisco, anunciando o Evangelho ao povo de Israel de hoje,
à juventude empobrecida, indígenas, presidiários, crianças, idosos e sofredores
de toda sorte, revestido do espírito da ternura e da compaixão, visivelmente
concretizado na sua peregrinação pelo Equador, Bolívia e Paraguai, de 05 a 13 de
julho de 2015. Na última etapa de seu peregrinar como profeta e apanágio da
esperança, no Santuário Nacional de Nosso senhor de Cacuapé, na Paraguai, assim
se expressou: “Deus não desilude, não abandona o seu povo, embora existam
momentos ou situações onde parece que Ele não está”.
Deus seja louvado por nos ter
dado do céu um Francisco, inspirado em Francisco de Assis, profundamente
concreto e inspirador, na sua ação pastoral utópica e sonhadora, mas longe dos
falsos evangelizadores, que em suas mensagens, sejam escritas ou faladas,
convidam os leitores a construir um projeto de ficção, entrando em caminhos,
muitas vezes marcados por comoventes aventuras, caminhos que são intercalados
por sonhos, fantasias, segredos, entrando em cena o enredo com o objetivo
relevador, no que se propõe o autor, muitas vezes na construção do que é forte
ou frágil.
Francisco, além de se
sobrepor ao mundo das ideias e da ficção, cumpre magistralmente e de modo
incomparável sua missão de profeta e pastor universal, dizendo-nos que restaurar
a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, hoje, é tarefa de todos os cristãos,
chamando-os e enviando-os, a exemplo dos profetas. Embora distintas sejam as
funções, sabemos que a vocação divina é a mesma para todos, quando se percebe
uma acentuada tendência de se retornar ao luxo e à glória do mundo, mesmo dentro
da Igreja. O Papa Francisco surpreende, impressiona e causa admiração, quando
anuncia ao mundo a importância da simplicidade, da humildade e do despojamento,
do diálogo e da proximidade com as pessoas, também quando quebra protocolos e
dispensa privilégios, títulos e honrarias.
Aquela voz que inspirou o
Santo de Assis, a ir e restaurar a Igreja, além de ser muito evidente e contumaz
no nosso Sumo Pontífice, através de seus generosos gestos de humildade e
simplicidade, sem esquecer a sua palavra profética em favor da vida humana e da
vida do planeta, sempre provocando pacto e impacto assim como uma boa notícia. A
capela de São Damião, a Igreja Porciúncula e a Igreja de São Pedro, restauradas
pelo Pobrezinho de Assis, representam a Igreja inteira e a própria humanidade,
que precisa sempre mais de restauração e renovação e o Santo Padre está
convencido, num esforço enorme de não se afastar desse ideal, como profeta da
paz e peregrino da esperança.
Somos todos tocados e
sensibilizados pela graça de Deus, através do Vigário de Cristo na terra, homem
convicto e corajoso, que não tem medo de dialogar com o mundo contemporâneo, nas
questões internas da Igreja e nos desafios, nas dores e nas angústias do
Planeta, onde percebemos sua maestria e disposição, não só como apanágio
espiritual, mas como inspirador consequente. Nada melhor do que rendermos graças
ao bom Deus pelo Augusto Pontífice, instrumento visível e sinal do Senhor Deus,
Uno e Trino, comunidade estupenda de amor infinito, ensinando-nos a
contemplar-Vos na beleza do universo, onde tudo fala de Deus, mistério indizível
(cf. Laudato Si, p. 196).
Essa nova fase da Igreja,
inaugurada a partir de 13 de março de 2013, com a eleição do Sucessor de Pedro,
requer e clama por novos agentes e missionários com propostas claras, à luz do
Evangelho, numa mensagem de alegria e esperança, no reavivamento da proposta de
Francisco de Assis, em que no Cântico das Criaturas, Deus é louvado de modo
integral na clara afirmação da fraternidade universal, nos profundos gestos do
Papa Francisco, na bela e maravilhosa visita apostólica ao nosso continente
latino-americano, que dela esperamos muitos e bons frutos, para a maior glória
de Deus.
*Escritor, blogueiro, colunista, vice-presidente da Previdência
Sacerdotal e Pároco de Santo Afonso, Parquelândia, Fortaleza-CE – geovanesaraiva@gmail.com
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