Canindé. Este município realiza hoje, às 10h na Igreja de São Pedro, a 44ª Missa do Vaqueiro. Portando bandeiras de São Francisco, do Brasil, Ceará, Canindé e da Associação dos Vaqueiros, ao som de chocalhos e vestidos com roupas de couro, os vaqueiros seguirão do Parque de Exposição Francisco Diassis Bessa Xavier em cavalgada até o local da missa, que será presidida pelo pároco e reitor do santuário, frei João Amilton dos Santos, da Paróquia de São Francisco das Chagas de Canindé.
A cavalgada tem percurso de 7 Km e presta homenagem ao vaqueiro, figura expressiva da caatinga nordestina. "O objetivo principal da Missa é mostrar, através da figura do homem simples, a bravura, a dedicação e a fé do homem sertanejo, valorizando a cultura popular e o artesanato nordestino", ressalta o presidente da Associação, José Curdulino Filho.
O altar da missa será erguido no pátio da Igreja de São Pedro. Savinho do Acordeon fará parte da celebração animando o público com cânticos sertanejos.
Após a missa será distribuído aos participantes um almoço comunitário, com pratos típicos da caatinga. Em seguida haverá confraternização.
Conforme o presidente da Associação dos Vaqueiros, Boiadeiros e Pequenos Criadores da Macro Região do Sertão de Canindé (Avabocri), José Curdulino Filho, a lida atrás dos rebanhos foi elemento formador de cidades, base de alimentação e motivadora de rituais, festas e mitos.
O que mais chama a atenção é a vestimenta feita por vaqueiros que passam a tradição de pai para filho. "O conjunto é formado por gibão, perneiras, guarda peito, chapéu, luvas e chinelo, que servem como proteção contra os espinhos", observa.
A única mulher que ainda participa das atividades é a mestre da cultura de Canindé, Dina Maria Martins, uma espécie de embaixadora dos vaqueiros. Ela diz, com orgulho, que tudo começou em 1970 quando o vigário da época, frei alemão Lucas Dolle, que participou da 1ª Guerra Mundial montado a cavalo, rezou a primeira missa no pátio da Basílica de São Francisco, na presença de grande número de adeptos à profissão.
Dina lembra que o sucesso da primeira missa foi tão grande que, em 1976, Luiz Gonzaga fez questão de vir conhecer a festa. "Luiz Gonzaga ficou encantado com tudo que viu. Foi muita emoção para todos nós", diz.
O prefeito de Canindé, Celso Crisóstomo, que tem origens na categoria de vaqueiro, não esconde sua alegria de ser chefe do Executivo de uma cidade onde a tradição da missa do vaqueiro virou tradição. "A cada evento procuramos apoiar mais. Colocamos o Parque de Exposição do Município para os vaqueiros e suas famílias realizarem a grande festa", frisa Celso.
"Vaqueiro é um profissional qualificado para tratar, manejar e conduzir animais das espécies bovino, bubalino, equino, muar, caprino e ovino. A contratação dos serviços de vaqueiro, diz a lei, é de responsabilidade do administrador do estabelecimento agropecuário", explica o presidente da Avabocri.
É obrigatório, de acordo com a lei, seguro de vida e de acidentes em favor do vaqueiro nos contratos de serviço ou de emprego. Tal seguro deve compreender indenizações por ressarcimento de despesas médicas e hospitalares decorrentes de eventuais acidentes ou doenças profissionais que o vaqueiro vier a sofrer durante sua jornada de trabalho, independentemente da duração da eventual internação, dos medicamentos e das terapias que se fizerem necessários à recuperação da saúde.
A lei regulamenta situação factual, existente de longa data, reconhecendo a importância desses profissionais e os perigos aos quais eles estão expostos em sua luta diária. "Essa lei faz justiça a uma categoria típica de trabalhadores, cujo cruel esquecimento reclamava a regulamentação que em boa hora é implementada", diz o prefeito de Canindé.
Fiscalização na romaria
Desde a última quinta, quando o município começou a receber peregrinos para a romaria de São Francisco, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) intensificou a fiscalização nas estradas que dão acesso à cidade. O objetivo é coibir irregularidades no transporte de fiéis e garantir a segurança no evento religioso.
De acordo com balanço mais recente da PRF na "Operação Romaria Segura", referente ao dia 9, sete caminhões pau de arara foram autuados por transportar pessoas de maneira inadequada, em compartimento de carga. Ao todo, 150 passageiros eram levados desta forma. Esta infração é considerada gravíssima, acarretando 7 pontos na habilitação e multa de R$ 191,54.
Também foram retidos seis ônibus, que transportavam 208 romeiros sem autorização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Todas as pessoas que seguiam viagem nos veículos apreendidos foram conduzidas às rodoviárias mais próximas.
Antônio Carlos Alves
Colaborador
Colaborador
Fonte: Diário do Nordeste
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