domingo, 22 de novembro de 2009

REFLETINDO SOBRE O EVANGELHO


João 18,33-37

Solenidade de Cristo Rei

Esta Solenidade foi instituída pelo Papa Pio XI no dia 11/12 de 1925. A renovação litúrgica do Concílio Vaticano II colocou-a para o último domingo do Tempo Comum - encerramento do Ano litúrgico da Igreja. Cristo é Rei e Senhor do Universo e da História com o domínio sobre todas as coisas.
O evangelho refletido nesta solenidade é o de João 18, 33-37. É apresentado um diálogo entre Jesus e Pilatos. No diálogo com Pilatos, aparentemente Jesus está em desvantagem. O local da conversa é o palácio onde Pilatos dá audiências, quando está em Jerusalém. Ele é um opressor representante do poder romano. Sua disposição para fazer justiça é muito vaga. O réu é interrogado por formalidade. Sua sentença de morte já está selada. O interlocutor de Jesus demonstra pouco interesse em dialogar com honestidade, desmotivado de conhecer a verdade. Antes, falta-lhe sinceridade diante das intervenções do acusado. Sem condições para compreender a fala do Mestre, enreda-se em mal - entendidos.
O tema da conversa era extremamente delicado: Jesus, na condição de Rei dos Judeus. Se Ele negasse ser rei dos Judeus, o interrogatório podia se dar por encerrado. Essa era a acusação apresentada pelos Judeus, para obter da autoridade romana a pena capital para Jesus. Se confessasse ser o rei dos Judeus, então competia a Pilatos a tomar as providências. A linguagem de Jesus, entretanto, deixava confuso seu interlocutor. Que sentido tinha dizer não ser deste mundo o seu reino? Onde estava seu exército, sua corte, seus ministros e sua riqueza? Qual rei era reduzido ao estado lastimável em que se encontrava Jesus, sem ter quem tomasse suas dores e lutasse por Ele? Que rei era este?
Mesmo assim Jesus insiste na sua condição de rei, enviado ao mundo para dar testemunho da verdade. Qual o sentido desta afirmação? Jesus é um rei que prescinde do poder e da força para se impor. "o meu reino não é deste mundo", significa ser sua realeza diametralmente contrária às realezas modernas, onde se diviniza o rei, em detrimento do povo. Injustiça, opressão e violência não têm lugar no seu reino. No reino de Jesus só tem lugar para solidariedade, a fraternidade e a partilha. É um reino onde todos são amados e valorizados. Nele, a autoridade é serviço, e o poder é voltado para o bem.
Mensagem: podemos pensar que a Igreja inicialmente, ao apresentar Jesus como Rei do Universo, não tivesse a esperança de que os Estados civis chegarem também a reconhecer Cristo como Rei. Porém, as mudanças sociais e históricas acabaram por colocar o verdadeiro sentido teológico e litúrgico da celebração. Cristo é realmente Rei, mas numa ordem diferente da temporal. Sua realeza se reflete na Igreja e nos seus seguidores não pela força das armas ou do poder material, e sim pela implantação da paz, da justiça e do amor. A afirmação da realeza de Jesus é a revelação plena do amor e da misericórdia do Pai.
Com a Festa de Cristo Rei, celebramos hoje, o dia leigo - construtor do tecido social dentro e fora da Igreja: trabalho, família, política, economia, arte, cultura, diálogo com outras religiões. Ele é chamado a ser luz, sal e fermento na sociedade. Desejo um ótimo domingo a todos!

Pe. Raimundo Neto
Pároco de São Vicente de Paulo

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