domingo, 28 de outubro de 2007

REFLETINDO SOBRE O EVANGELHO

Trigésimo Domingo

No domingo passado, o relato do juiz corrupto e da viúva insistente mostrava que a oração tem que ser persistente; hoje nos mostra que a oração tem que ser humilde, como a do publicano.
Na parábola do evangelho de hoje (Lucas 18, 9-14), Jesus emprega a pedagogia do contraste, apresentando duas situações de religiosidade e suas conseqüências diante de Deus: fariseu e publicano vão ao templo na hora da oração das nove horas e na das três da tarde.
O fariseu representa o modelo de auto-suficiência, de uma piedade meritória. Ele era uma jóia de pessoa, um homem muito religioso. Não obtém a salvação porque pensava só em merecê-la. Qual era mesmo a falta do fariseu? 1ª) desprezava os outros. Faz-nos lembrar a parábola do filho pródigo (cf. Lc 15, 11) e a 1ª carta de S. Paulo aos Coríntios, 13 “ Se não tiver amor, nada sou”. 2ª) auto justificação. Santifica-se a si mesmo e nada precisa de Deus. Quantas vezes a nossa atitude é a mesma do fariseu, até por que o farisaísmo não morreu, continua vivo, infelizmente. O farisaísmo é uma atitude religiosa que nos impede de nos vermos tais como somos, e que deturpa nossa relação com Deus e com os irmãos. Desgraçadamente, este tipo de piedade farisaica não é coisa do passado: não morreu e nem morrerá nunca, pois seu fundamento é a perene soberba humana. Ninguém está isento de sua contaminação. Todos nós possuímos parcelas pessoais de farisaísmo.
O publicano, cobrador de impostos, é um pecador. Obtém a salvação porque viu que ela só pode ser dom de Deus e não mero merecimento seu. Em sua oração, começa por se reconhecer pecador e culpado diante de Deus. Bate no peito, sede da consciência. Não levanta os olhos, porque sabe que, com olhos impuros, não pode contemplar a face de Deus. Numa oração muito curta, mostra três qualidades da oração: a) sente-se necessitado de Deus; b) tem certeza de que Deus pode ajudá-lo; c) quer a misericórdia divina. A oração do publicano lembra o salmo cinqüenta: coração contrito e humilhado.
A oração do publicano deve ser o modelo de nossa oração: humilde, sincera, cheia de confiança. Peçamos ao Senhor, neste domingo da oração humilde e verdadeira, para superarmos a auto-suficiência farisaica que sempre carregamos em nós.

Pe. Raimundo Neto
Pároco de São Vicente de Paulo

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