sexta-feira, 26 de outubro de 2007

MINISTRO VISITOU O CONSELHO PERMANENTE DA CNBB

O ministro Extraordinário de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger, visitou, nesta quinta-feira, 25, o Conselho Permanente da CNBB, que esteve reunido em Brasília até ontem. Mangabeira expôs aos bispos as idéias do projeto elaborado por seu ministério abrangendo quatro áreas: ampliação de oportunidade educativa, democratização de oportunidades econômicas, Amazônia e relações África e Brasil.
Segundo o ministro, estão sendo propostos três projetos para a primeira área. Em primeiro lugar, criar uma rede de escolas médias federais “que sejam uma cunha para a mudança pedagógica brasileira”. Em segundo lugar, “o imperativo de reconciliar a gestão local das escolas com qualidade e investimento” e, finalmente, “a inclusão digital”.
Em relação à democratização de oportunidades econômicas, Mangabeira quer estabelecer uma política industrial de inclusão. “É preciso mudar as relações entre trabalho e capital”, disse. “É preciso transformar mais uma vez o marco institucional das relações entre o capital e o trabalho”.
Ele lembrou que 60% dos trabalhadores continuam na economia informal, sem carteira de trabalho, correndo riscos. “Para resgatá-los da informalidade é preciso atuar em muitos campos. Podemos propor uma mudança micro-econômica, industrial e agrícola de inclusão e combinar isso com a desoneração da folha de salários”, explicou. Mangabeira vê como outro desafio, nessa área, a reversão da queda da participação dos salários na renda nacional.
“Temos dois discursos sobre o trabalho no Brasil. Um de flexibilização que é um eufemismo para a destruição dos direitos dos trabalhadores e um que é mera defesa do direito adquirido, melhor que o primeiro, mas insuficiente para atender os problemas dos excluídos”, considerou.
Em relação à Amazônia o ministro ponderou que há dois discursos a respeito do futuro da Amazônia, mas nenhum deles agrada. O primeiro discurso defende que a “Amazônia vira um parque para o deleite da humanidade”, enquanto o segundo considera que a “Amazônia vira um Mato Grosso, desmatada e aberta para a pecuária e a soja”. Para Mangabeira, “há um imenso desnível no país entre o fervor da causa ambientalista e o primitivismo das idéias econômicas disponíveis a respeito da transformação da Amazônia”.
A solução defendida pelo ministro é o zoneamento da Amazônia. “O ponto de partida é um projeto de zoneamento econômico e ecológico com paradigmas produtivos diferenciados para as diferentes micro-regiões da Amazônia, incluindo o manejo sustentável das florestas”.
O quarto projeto pensado pelo novo Ministério trata das relações do Brasil com a África. “Estamos discutindo com o presidente iniciativas brasileiras dirigidas à África entre elas, ajuda médica, ajuda agrícola por meio da Embrapa e engajamento da juventude no resgate da África”, esclareceu Mangabeira.
Segundo Mangabeira, o esforço que está fazendo é no sentido de propor um projeto de Estado e não apenas de Governo “que possa sobreviver ao ciclo eleitoral”. Dentre os aliados potenciais do projeto, ele inclui a Igreja. “Constato que meus maiores aliados potenciais são os cientistas, os militares e a Igreja. Portanto, todos os elementos do país que se identificam com a perspectiva nacional e que estão fora do mundo do dinheiro”.
Ao final, o ministro solicitou o apoio dos bispos. “Eu preciso de sua participação na formulação deste projeto e de seu apoio na tentativa de desenvolver um projeto de Estado no país”.
O secretário geral da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa, comunicou que a CNBB já designou três comissões que se reunirão com representantes do ministério para debater o assunto. “Como Igreja estamos à disposição para ajudar em tudo aquilo que for para o bem comum do nosso povo”, respondeu dom Dimas. “Nossa grande esperança é, como disse Paulo VI, construir a civilização do amor”, disse.

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