Eis a reflexão sobre Caridade desse católico cearense de respeito: Antônio Mourao Cavalcante. Ligado às coisas da Igreja, ele nos quer lançar um apelo contra o absurdo de um gesto de generosidade ter virado assunto fora de moda. Leia:
"Algumas virtudes tornaram-se caducas. Pessoas que nós consideramos símbolos e exemplos parecem muito distantes. Não nos servem mais para viver o cotidiano. Preferimos apenas admirá-las, de longe. A generosidade e a caridade viraram assuntos fora de moda. Caretice ou piegüismo, sobretudo se nasce de um envolvimento religioso. "Isso não adianta de nada". "Os pobres vão continuar pobres"... "É uma obrigação do governo". "Já pago os impostos para isso..." No mundo da pressa e do lucro, parar para ajudar um vizinho - humano -, tornou-se um gesto superado, abandonado. Importa a luta pelo mais, pelo chegar lá. Ir em frente. Ser o primeiro. Então, não tenho tempo para olhar o que se passa ao meu lado. Olho apenas em frente, meu sucesso. Um objetivo a ser colimado. Custe o que custar... E, nesse afã de vencer, estar nos píncaros da glória, jogam o próximo para o lado. A vida dele é dele. Ele que se cuide. Renunciamos a solidariedade.
Elegemos um regime de disputa violenta e excludente. O importante é levar vantagem em tudo. O resto que se dane. Daí que as escolas não têm qualquer projeto de engajamento social. Os alunos, no máximo, tiram da despensa de casa um pacote de arroz e trazem para o colégio. Fazem cestas básicas e algum funcionário leva para uma favela qualquer. Tarefa cumprida. O contato com a dura realidade social, com olhos bem abertos, passa a ser uma coisa impossível. Cafona. Importa o progresso. A tecnologia. O Ipod no ouvido. A negação do outro. O eu só no mundo... Por isso, não nos admira o vazio existencial que habita certas pessoas. Tem tudo e não tem nada. Quando é que nós nos daremos conta da necessidade de estarmos ligados uns aos outros? Quando é que nós entenderemos que a vida social é a base de tudo? E que não adianta estar levantando muros, possuir cães amestrados, instalar cercas elétricas e câmeras invisíveis, carros blindados, vidros fumes, se a apartação nasce de nossas atitudes? Ou ainda, na impossibilidade de reconhecer o outro como irmão. Lição antiga, mas ainda e sempre necessária."
Antonio Mourão Cavalcante - Médico e Professor Universitário
"Algumas virtudes tornaram-se caducas. Pessoas que nós consideramos símbolos e exemplos parecem muito distantes. Não nos servem mais para viver o cotidiano. Preferimos apenas admirá-las, de longe. A generosidade e a caridade viraram assuntos fora de moda. Caretice ou piegüismo, sobretudo se nasce de um envolvimento religioso. "Isso não adianta de nada". "Os pobres vão continuar pobres"... "É uma obrigação do governo". "Já pago os impostos para isso..." No mundo da pressa e do lucro, parar para ajudar um vizinho - humano -, tornou-se um gesto superado, abandonado. Importa a luta pelo mais, pelo chegar lá. Ir em frente. Ser o primeiro. Então, não tenho tempo para olhar o que se passa ao meu lado. Olho apenas em frente, meu sucesso. Um objetivo a ser colimado. Custe o que custar... E, nesse afã de vencer, estar nos píncaros da glória, jogam o próximo para o lado. A vida dele é dele. Ele que se cuide. Renunciamos a solidariedade.
Elegemos um regime de disputa violenta e excludente. O importante é levar vantagem em tudo. O resto que se dane. Daí que as escolas não têm qualquer projeto de engajamento social. Os alunos, no máximo, tiram da despensa de casa um pacote de arroz e trazem para o colégio. Fazem cestas básicas e algum funcionário leva para uma favela qualquer. Tarefa cumprida. O contato com a dura realidade social, com olhos bem abertos, passa a ser uma coisa impossível. Cafona. Importa o progresso. A tecnologia. O Ipod no ouvido. A negação do outro. O eu só no mundo... Por isso, não nos admira o vazio existencial que habita certas pessoas. Tem tudo e não tem nada. Quando é que nós nos daremos conta da necessidade de estarmos ligados uns aos outros? Quando é que nós entenderemos que a vida social é a base de tudo? E que não adianta estar levantando muros, possuir cães amestrados, instalar cercas elétricas e câmeras invisíveis, carros blindados, vidros fumes, se a apartação nasce de nossas atitudes? Ou ainda, na impossibilidade de reconhecer o outro como irmão. Lição antiga, mas ainda e sempre necessária."
Antonio Mourão Cavalcante - Médico e Professor Universitário
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