Neste
sábado, 8 de dezembro, a Igreja celebra a Solenidade da Imaculada Conceição de
Nossa Senhora. Esta data, de significativa importância para a Igreja, por fazer
memória do dogma que afirma a preservação de Maria do pecado original, tem
particular ligação com a Igreja no Brasil, onde cerca de 30 dioceses a tomam
por padroeira ou titular.
A
Solenidade foi instituída por São Paulo VI, no dia 2 de fevereiro de 1974, por
meio da exortação apostólica “Marialis Cultus”, na qual ressalta a celebração e
atenção especial dada a Maria no tempo do Advento.
“No tempo
do Advento a Liturgia, não apenas na altura da solenidade de 8 de dezembro,
celebração, a um tempo, da Imaculada Conceição de Maria, da preparação radical
(Cf. Is 11,1.10) para a vinda do Salvador e para o feliz exórdio da Igreja sem
mancha e sem ruga, recorda com frequência a bem-aventurada Virgem Maria,
sobretudo de 17 a 24 de dezembro; e, mais particularmente, no domingo que
precede o Natal, quando faz ecoar antigas palavras proféticas acerca da Virgem
Mãe e acerca do Messias e lê episódios evangélicos relativos ao iminente
nascimento de Cristo e do seu Precursor”, escreveu o papa Paulo VI.
Nesta
solenidade, uma marca muito presente nas reflexões sobre o mistério da
Imaculada Conceição é o exemplo de Maria como aquela que é “ícone da Vitória de
Cristo sobre o poder das trevas e do pecado”, como ensina dom Edney Gouvêa
Mattoso, bispo de Nova Friburgo (RJ), uma das dioceses que celebram a padroeira
neste sábado.
“A Igreja
venera a Santa Mãe de Deus e nela encontra o grande modelo de virtude. No
difícil itinerário desta vida terrena, Maria ‘avançou pelo caminho da fé,
mantendo fielmente a união com seu Filho até à cruz (…) padecendo com seu Filho
único, e associando-se com coração de mãe ao Seu sacrifício’”, afirma o bispo
recordando a constituição dogmática Lumem Gentium.
Para o
arcebispo de Belém (PA), “olhar para a Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa,
significa tomá-la como modelo e referência para nossa vida cristã. E revela-se
muito atual considerar o fato de sua concepção imaculada, preservada que foi,
em previsão dos méritos de Cristo”.
Dom Edney
ainda reforça este exemplo mariano com o ensinamento testemunhal que vem da Mãe
do Filho de Deus que, “mesmo em meio às provações desta vida unidas às
contradições externas e internas, a Graça é maior que o pecado e que a misericórdia
de Deus é mais poderosa que o mal”.
“No mundo
em que, cada vez mais, as pessoas se entregam desordenadamente às paixões
fazendo imperar a lei do pecado, somos chamados a contemplar a beleza da vida
pura em Maria, e, olhando para dentro de nós, reconhecermo-nos necessitados da
graça de Deus”, afirma o bispo de Nova Friburgo.
Dom
Alberto Taveira também aponta o caminho para seguir nestes tempos “em que a
sujeira moral, chamemos de ‘mácula’, se transformou em verdadeiro espetáculo,
de forma que o comportamento moral baseado na retidão e na verdade, acaba
ridicularizado”. Para o arcebispo de Belém, cabe aos cristãos “tomar posição em
favor do bem e da verdade, da superação da maldade e do pecado, para propor o
caminho da Imaculada a todos”.
Devoção nacional
A força da devoção à Imaculada Conceição é uma
expressão nacional, a exemplo de outras devoções marianas. Nossa Senhora
Aparecida, por exemplo, também é da Conceição, mas Aparecida, e teve sua festa
celebrada em 8 de dezembro, por um tempo. Para se ter uma ideia, são 32 Igrejas
Particulares que a tomam como padroeira, titular arqui/diocesana ou da
catedral, ou ainda como padroeira municipal. Também há uma devoção especial
dentro do episcopado (confira abaixo).
De Norte
a Sul do país, é uma presença forte tanto no contexto eclesial, como na vida
das pessoas, para além da devoção. “Conceição” está entre os 160 nomes mais
populares do país. São 102.585 mulheres e 1.537 homens com esse registro no
país, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Abaixo, a
lista de dioceses que tem como padroeira ou titular Nossa Senhora da Imaculada
Conceição. Em cada lugar, celebrações festivas que reúnem centenas ou milhares
de fiéis, como em Campinas (SP), onde acontece procissão da Basílica Nossa
Senhora do Carmo até a Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Conceição com a
participação do povo das paróquias, do clero, dos seminaristas e dos religiosos
e religiosas.
Títulos e patrocínios de 8 de dezembro
Aracaju
(SE): Nossa
Senhora da Conceição, padroeira arquidiocesana e Titular da catedral.
Campinas
(SP): Nossa
Senhora da Conceição, Padroeira arquidiocesana e Titular da catedral.
Manaus
(AM): Imaculada
Conceição, padroeira municipal.
Santa
Maria (RS): Imaculada
Conceição, Titular da catedral.
Abaetetuba
(PA): Nossa
Senhora da Conceição, Padroeira diocesana e Titular da catedral.
Bacabal
(MA): Co-Titular
da catedral e Padroeira municipal.
Bragança
Paulista (SP): Nossa
Senhora da Conceição, Padroeira diocesana e Titular da catedral.
Brejo
(MA): Imaculada
Conceição, Titular da catedral.
Cachoeira
do Sul (RS): Imaculada
Conceição, Titular da catedral e padroeira da Cidade.
Campina
Grande (PB): Nossa
Senhora da Conceição, Padroeira diocesana, Titular da catedral e padroeira
municipal.
Diamantina
(MG): Imaculada
Conceição, Titular da catedral.
Divinópolis
(MG): Nossa
Senhora da Conceição, Padroeira diocesana.
Dourados
(MS): Nossa
Senhora da Conceição, Padroeira da cidade e Titular da catedral.
Formosa
(GO): Imaculada
Conceição, Padroeira diocesana e Titular da catedral.
Franca
(SP): Imaculada
Conceição, Padroeira diocesana e Titular da catedral.
Guajará-Mirim
(RO): Nossa
Senhora do Seringueiro, padroeira da diocese e municipal.
Guarulhos
(SP): Imaculada
Conceição, Padroeira diocesana e Titular da catedral.
Humaitá
(AM): Nossa
Senhora da Conceição, Padroeira diocesana e municipal.
Jacarezinho
(PR): Imaculada
Conceição, Titular da catedral.
Limoeiro
do Norte (CE): Imaculada
Conceição, Titular da catedral.
Marabá
(PA): Imaculada
Conceição, Titular.
Nazaré
(PE): Nossa
Senhora da Conceição, Padroeira diocesana e Titular da catedral.
Nova
Friburgo (RJ): Imaculada
Conceição, Padroeira diocesana.
Palmares
(PE): Imaculada
Conceição, Titular da catedral.
Ponta
de Pedras (PA): Imaculada
Conceição, Titular da catedral.
Santíssima
Conceição do Araguaia (PA): Nossa Senhora da Conceição, Padroeira
diocesana e Titular da catedral.
Santarém
(PA): Imaculada
Conceição, Padroeira diocesana, Titular da catedral e Padroeira municipal.
Sete
Lagoas (MG): Imaculada
Conceição, Padroeira diocesana.
Sobral
(CE): Nossa
Senhora da Conceição, Padroeira diocesana.
Teófilo
Otoni (MG): Imaculada
Conceição, Padroeira diocesana e Titular da catedral.
Vacaria
(RS): Nossa
Senhora da Oliveira, Padroeira diocesana e municipal.
Viana
(MA): Nossa
Senhora da Conceição, Titular da catedral.
O bispo de Anápolis (GO), dom João Wilk, é da
Ordem dos Frades Menores Conventuais, a mesma de São Maximiliano Maria Kolbe,
considerado “o grande apóstolo da Imaculada”. Ele revela sua devoção a Maria
Imaculada, a quem foi consagrado no Seminário Menor de Niepokalanów, “Cidade da
Imaculada”, fundada por São Maximiliano, na Polônia. “Logo no início fomos
consagrados e recebemos a medalha milagrosa. Uso-a até hoje e ela me lembra a
bondade e o poder de intercessão da Mãe de Jesus”, conta.
De acordo
com a reflexão oferecida por dom João Wilk ao Portal da CNBB, está em São
Maximiliano um dos principais fatores para a devoção à Imaculada: “Ele viu em
Maria Imaculada o grande poder evangelizador. Seu lema foi: ‘Conquistar o mundo
inteiro para Cristo pela Imaculada’. Diante dos movimentos contrários a Deus e
à Igreja, lembrou as palavras do livro de Gênesis pronunciadas por Deus à
serpente infernal: ‘Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua
descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar’”.
Dom João,
que é polonês, de Seroczyn, recorda que, sob o signo da Imaculada, o santo
compatriota iniciou o grande movimento da “Milícia da Imaculada”: “Na base do
movimento colocou três pilares: a consagração à Imaculada no espírito de São
Luiz Maria Grignon, tendo como distintivo a medalha milagrosa que o próprio
Jesus revelou à Santa Catarina Labouré; a divulgação do culto da Virgem
Imaculada; e o apostolado com os meios de comunicação modernos.
No
Brasil, dom João teve papel importante nesta ação evangelizadora mariana. Na
década de 1990, antes do episcopado, foi redator da revista “Cavaleiro da
Imaculada”, diretor das “Edições Kolbe” e do movimento “Milícia da Imaculada”.
Fonte: CNBB
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