domingo, 26 de julho de 2015

REFLETINDO SOBRE O EVANGELHO


João 6,1-15

DÉCIMO SÉTIMO DOMINGO DO TEMPO COMUM

A partir deste domingo interrompemos a leitura de Marcos e a liturgia dominical propõe nos cinco domingos seguintes o capítulo 6 de João: a multiplicação dos pães e o discurso eucarístico.
O trecho de hoje é João 6,1-15. Jesus sacia a fome da humanidade. É o quarto sinal que Jesus realizou com o objetivo de suscitar a fé. Os quatro evangelistas, com pequenas variações, referem-se ao milagre da multiplicação dos pães e dos peixes. Usam por menores históricos, bíblicos, geográficos, cristológicos e eclesiológicos.
O milagre da multiplicação tem sua referência no Antigo Testamento: II Reis, 4 - multiplicação dos vinte pães  por Eliseu.
I Reis 17 – multiplicação do azeite e da farinha pelo profeta Eliseu em Serepta – grande seca em Israel.
Ex 16 – O modo com que Deus alimenta seu povo pelo deserto sob a guia de Moisés.
Neste evangelho podemos notar: a) Jesus preocupa-se com a alimentação do povo que dele se aproxima . Preocupa-se sim, com a fome material dessa gente – sinal do Reino de Deus. b) Felipe pensa que para saciar a fome do povo é preciso muito dinheiro. É preciso acumular para distribuir. Era a lógica econômica do tempo de Israel. O “Plano econômico” de Felipe nada traz de novo, é só dependência. c) André cujo nome em grego quer dizer humano, alerta para o povo que um menino possui cinco pães e dois peixes . d) Jesus manda o povo sentar-se para a refeição – toma os pães , os peixes, dá graças e os distribui. Dar graças a Deus significa reconhecer que os bens da criação pertencem ao criador. Jesus não agradece ao menino, nem a André; ele agradece a Deus porque no seu projeto, criou coisas para o bem de todos, sem que alguém ficasse excluído.
O ensinamento de Jesus não visa acumular para depois distribuir, é, antes, partilhar, o que cada um tem, para que todos fiquem saciados. Esta é a verdadeira eucaristia: o dom de Deus, associado ao esforço das pessoas, em vista da partilha, da fraternidade e da desigualdade.
Na multiplicação dos pães Jesus rejeita a tentação de resolver a questão da fome como um passe de mágica, um milagre. A solução do problema da fome não está num milagre religioso ou econômico, pois Jesus rejeita esta tentação. O verdadeiro milagre é o da distribuição e partilha dos bens da criação.
Mensagem: A igreja tem uma bimilenar história da solidariedade para com os pobres. Obviamente, nem sempre usa os mesmos métodos. Isso dependia muito da forma como em cada época, ela entendeu o problema da pobreza. Hoje, as ciências sociais nos ajudam a melhor entender as causas e os mecanismos que geram e mantêm a pobreza de tantos.
Devemos repartir outros pães: cultura, progresso, amizade, amor, palavra amiga e justiça.


Pe. Raimundo Neto
Pároco de São Vicente de Paulo

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