DÉCIMO SÉTIMO DOMINGO DO TEMPO COMUM
A partir deste domingo
interrompemos a leitura de Marcos e a liturgia dominical propõe nos cinco
domingos seguintes o capítulo 6 de João: a multiplicação dos pães e o discurso
eucarístico.
O trecho de hoje é
João 6,1-15. Jesus sacia a fome da humanidade. É o quarto sinal que Jesus
realizou com o objetivo de suscitar a fé. Os quatro evangelistas, com pequenas
variações, referem-se ao milagre da multiplicação dos pães e dos peixes. Usam
por menores históricos, bíblicos, geográficos, cristológicos e eclesiológicos.
O milagre da
multiplicação tem sua referência no Antigo Testamento: II Reis, 4 -
multiplicação dos vinte pães por Eliseu.
I Reis 17 –
multiplicação do azeite e da farinha pelo profeta Eliseu em Serepta – grande
seca em Israel.
Ex 16 – O modo com que
Deus alimenta seu povo pelo deserto sob a guia de Moisés.
Neste evangelho
podemos notar: a) Jesus preocupa-se com a alimentação do povo que dele se
aproxima . Preocupa-se sim, com a fome material dessa gente – sinal do Reino de
Deus. b) Felipe pensa que para saciar a fome do povo é preciso muito dinheiro.
É preciso acumular para distribuir. Era a lógica econômica do tempo de Israel.
O “Plano econômico” de Felipe nada traz de novo, é só dependência. c) André cujo
nome em grego quer dizer humano, alerta para o povo que um menino possui cinco
pães e dois peixes . d) Jesus manda o povo sentar-se para a refeição – toma os
pães , os peixes, dá graças e os distribui. Dar graças a Deus significa
reconhecer que os bens da criação pertencem ao criador. Jesus não agradece ao
menino, nem a André; ele agradece a Deus porque no seu projeto, criou coisas
para o bem de todos, sem que alguém ficasse excluído.
O ensinamento de Jesus
não visa acumular para depois distribuir, é, antes, partilhar, o que cada um
tem, para que todos fiquem saciados. Esta é a verdadeira eucaristia: o dom de
Deus, associado ao esforço das pessoas, em vista da partilha, da fraternidade
e da desigualdade.
Na multiplicação dos
pães Jesus rejeita a tentação de resolver a questão da fome como um passe de
mágica, um milagre. A solução do problema da fome não está num milagre
religioso ou econômico, pois Jesus rejeita esta tentação. O verdadeiro milagre
é o da distribuição e partilha dos bens da criação.
Mensagem: A igreja tem
uma bimilenar história da solidariedade para com os pobres. Obviamente, nem
sempre usa os mesmos métodos. Isso dependia muito da forma como em cada época,
ela entendeu o problema da pobreza. Hoje, as ciências sociais nos ajudam a
melhor entender as causas e os mecanismos que geram e mantêm a pobreza de
tantos.
Devemos repartir
outros pães: cultura, progresso, amizade, amor, palavra amiga e justiça.
Pe. Raimundo
Neto
Pároco de São Vicente de Paulo
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