O Papa autorizou o
Dicastério das Causas dos Santos a promulgar os Decretos relativos a 124
mártires mortos por ódio à fé durante a Guerra Civil Espanhola e 50 pelos
nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, além de um sacerdote que se tornará
beato pelo reconhecimento do milagre. Também foram promulgados os Decretos
relativos a quatro novos veneráveis, dentre eles o brasileiro João Luiz
Pozzobon, diácono permanente e pai de família.
Vatican News
O Papa Leão XIV
recebeu em audiência, nesta sexta-feira (20/06), no Vaticano, o prefeito do
Dicastério das Causas dos Santos, cardeal Marcello Semeraro, ao qual autorizou
a promulgação dos decretos relativos a 175 novos beatos e quatro novos
veneráveis.
Os futuros beatos
Dos próximos beatos,
um se tornará beato pelo reconhecimento do milagre: trata-se do venerável Servo
de Deus, Salvador Valera Parra, sacerdote diocesano, arcipreste e pároco de
Huércal-Overa, nascido em 27 de fevereiro de 1816, em Huércal-Overa, na
Espanha, e falecido em 15 de março de 1889.
Os outros 174 serão
elevados às honras dos altares pelo reconhecimento do martírio: 124 foram
mortos por ódio à fé durante a Guerra Civil Espanhola e 50 pelos nazistas
durante a Segunda Guerra Mundial.
Trata-se do martírio
dos Servos de Deus Manuel Izquierdo Izquierdo, sacerdote diocesano, e 58
Companheiros da Diocese de Jaén, na Espanha, assassinados entre 1936 e 1938,
por ódio à fé, em diferentes lugares da Espanha, no contexto da mesma
perseguição; do martírio dos Servos de Deus Antonio Montañés Chiquero,
sacerdote diocesano, e 64 companheiros da Diocese de Jaén, na Espanha, mortos
entre 1936 e 1937, por ódio à fé, em diferentes lugares da Espanha, no contexto
da mesma perseguição; e do martírio dos Servos de Deus Raimond Cayré, sacerdote
diocesano, Gerard Martin Cendrier, religioso professo da Ordem dos Frades
Menores, Roger Vallée, seminarista, Jean Mestre, fiel leigo, e 46 companheiros,
mortos entre 1944 e 1945 por ódio à fé, em diferentes lugares, no contexto da
mesma perseguição.
Os novos veneráveis
Os Decretos relativos
aos veneráveis dizem respeito às virtudes heroicas do Servo de Deus Raffaele
Mennella, clérigo professo da Congregação dos Missionários dos Sagrados
Corações, nascido em 22 de junho de 1877 em Torre del Greco, na Itália, e ali
falecido em 15 de setembro de 1898; às virtudes heroicas do Servo de Deus João
Luiz Pozzobon, diácono permanente e pai de família, nascido em 12 de dezembro
de 1904 no distrito de Cachoeira, no Estado brasileiro do Rio Grande do Sul, e
falecido em Santa Maria, em 27 de junho de 1985; às virtudes heroicas da Serva
de Deus Teresa Tambelli (nascida Maria Olga), religiosa professa das Filhas da
Caridade de São Vicente de Paulo, nascida em 17 de janeiro de 1884 em Revere,
na Itália, e falecida em 23 de fevereiro de 1964 em Cagliari (Itália); e às
virtudes heroicas da Serva de Deus Anna Fulgida Bartolacelli, fiel leiga, da
Associação das Operárias Silenciosas da Cruz, nascida em 24 de fevereiro de
1928 em Rocca Santa Maria, na Itália, e falecida em 27 de julho de 1993 em
Formigine (Itália).
Sobre o novo
venerável João Luiz Pozzobon nós conversamos com o superior geral dos Padres de
Schoenstatt, pe. Alexandre Awi Mello
Salvador Valera Parra, um sacerdote
corajoso ao lado dos pobres e doentes
O
venerável servo de Deus Salvador Valera Parra nasceu em 27 de fevereiro de 1816
em Huércal-Overa, perto de Almeria, Espanha. Em 1830, ingressou no seminário de
São Fulgêncio, em Múrcia, e, ao concluir seus estudos, em 4 de abril de 1840,
foi ordenado sacerdote na cidade de Alicante e enviado à sua cidade natal, onde
serviu como assistente paroquial e, posteriormente, como pároco por muitos
anos. Por seu trabalho de caridade em prol dos mais necessitados, foi
condecorado como Cavaleiro da Real Ordem de Isabel, a Católica, e com a Ordem
Civil de Carlos III. Em 1864, foi nomeado pároco de Santa María de la Gracia, a
maior paróquia de Cartagena. No ano seguinte, ao eclodir uma epidemia de
cólera, o Servo de Deus corajosamente assistiu os moribundos. Em 1868, seu
pedido de retorno à sua cidade natal foi atendido, onde serviu como pastor até
o fim da vida, dedicando-se particularmente aos pobres e doentes e promovendo
um Lar para Idosos Abandonados. Faleceu em 15 de março de 1889.
Cura milagrosa
Para
sua beatificação, a postulação apresentou ao Dicastério a cura milagrosa,
atribuída à sua intercessão, de uma criança nascida em 14 de janeiro de 2007 no
Memorial Hospital em Rhode Island (EUA). Na noite daquele dia, após amniorrexe,
a mãe foi internada no Memorial Hospital em Pawtucket e, como a frequência
cardíaca fetal não correspondia aos parâmetros clínicos esperados, o parto foi
induzido artificialmente. Os médicos decidiram realizar uma cesariana após o
diagnóstico de corioamnionite com o feto com falta de oxigênio. O recém-nascido
nasceu prematuro com sintomas de apneia secundária, cianótico, sem respirar,
com frequência cardíaca baixa e, uma hora após o nascimento, não apresentava
sinais de melhora, a ponto de os médicos não perceberem nenhum batimento
cardíaco. O médico assistente, naquele momento de extrema urgência, invocou o
Servo de Deus Salvador Valera Parra, seu conterrâneo, a quem nutria sincera
devoção e, com uma prece espontânea, pediu sua intercessão pela salvação do
pequeno. Pouco tempo depois, o recém-nascido, sem nenhuma intervenção externa,
recuperou os batimentos cardíacos e começou a se reanimar. No dia seguinte, foi
transferido para a unidade de terapia intensiva neonatal do Hospital da Mulher
e do Bebê, onde permaneceu por 15 dias com o diagnóstico de encefalopatia
hipóxico-isquêmica, a ponto de os médicos terem certeza de que ele sofreria
sérios danos do ponto de vista do desenvolvimento, como paralisia cerebral ou
retardo mental. Em vez disso, apesar dos sintomas clínicos, o pequeno
demonstrou atividade espontânea. Em 19 de janeiro, iniciou-se uma melhora
progressiva do quadro neurológico e comportamental. Em 1º de março de 2007,
recebeu alta da terapia intensiva neonatal e foi transferido para o Hospital
Infantil Hasbro devido a uma colectomia descendente para estreitamento do cólon
sigmoide devido a enterocolite necrosante estágio II. Em 3 de abril, o bebê
recebeu alta e exames subsequentes mostraram um desenvolvimento psicomotor que
o levaria a falar aos 18 meses e a andar aos 2 anos. O pequeno Tyquan continuou
crescendo como uma criança normal, levando uma vida normal e praticando
esportes.
Izquierdo Izquierdo e 58 companheiros martirizados durante a
Guerra Civil Espanhola
Os
Servos de Deus da diocese andaluza de Jaén foram mortos em diferentes lugares e
em diferentes momentos durante a Guerra Civil Espanhola, que começou em julho
de 1936, e teve aspectos de cruel perseguição anticatólica e também afetou
gravemente Jaén. A causa em exame diz respeito ao martírio do padre diocesano
Manuel Izquierdo Izquierdo e 58 companheiros, agrupados em referência ao local
da morte. Durante a Guerra Civil, os milicianos estabeleceram um clima de
perseguição contra todos aqueles que se professavam membros da Igreja Católica,
fossem eles sacerdotes, consagrados ou leigos. O martírio formal foi realizado
pelos revolucionários que, movidos por sentimentos antirreligiosos e
anticristãos, massacraram numerosos sacerdotes, religiosos e leigos, profanando
e saqueando igrejas, locais de culto e ultrajando objetos sagrados. O ódio à fé
dos guerrilheiros, impelidos pela propaganda ateísta, foi amplamente
demonstrado pela violência generalizada contra a Igreja, seus ministros e
muitos de seus fiéis. O líder dos mártires de Jaén, pe. Manuel Izquierdo
Izquierdo, foi particularmente afetado pelos maus-tratos e torturas infligidos
pelos perseguidores, assim como aconteceu com o servo de Deus, pe. Manuel
Valdivia Chica, cujas mãos, com as quais havia consagrado, foram decepadas
antes de sua morte. Quanto ao martírio formal ex parte victimarum, o mérito dos
Servos de Deus foi por terem perseverado na fidelidade a Cristo a ponto de
sacrificar suas vidas. Em alguns casos, também foi observada uma atitude de
perdão e oração para com os assassinos.
Antonio Montañés Chiquero e os outros 64 companheiros mártires,
incluindo 9 leigos
A
Causa, então, diz respeito ao martírio do padre diocesano Antonio Montañés
Chiquero e 64 companheiros, incluindo 54 sacerdotes, 9 homens e uma leiga,
todos mortos entre 1936 e 1937, sempre no clima de perseguição permanente
vivido pela Igreja na Espanha durante a Guerra Civil. Esses Servos de Deus
também atuaram no território da diocese de Jaén; a maioria foi capturada pelos
milicianos ou denunciada, e alguns deles sofreram insultos, perseguições e
espancamentos cruéis. O odium fidei, como comprovam os documentos e testemunhos
coletados, motivou a perseguição contra os Servos de Deus apenas por serem
sacerdotes e leigos comprometidos. O martírio formal ex parte persecutoris
situa-se, portanto, nesse clima de violência, e eles foram brutalmente
assassinados por sua fé e pertencimento à comunidade católica local. O martírio
formal ex parte victimae dos Servos de Deus é documentado para todos, em
particular para os padres que desejavam permanecer próximos das pessoas nas
paróquias onde exerciam seu ministério, sem fugir, apesar do perigo. Alguns
padres, incluindo pe. Antoni Montañes Chiquero, pediram para serem mortos por
último para que pudessem confessar os outros e ajudá-los a morrer uma morte
santa. Sua fama de martírio se espalhou para alguns após seus assassinatos,
para outros em tempos posteriores, especialmente em suas dioceses de origem.
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