“A Campanha
da Fraternidade é uma grande iniciativa da Igreja no Brasil, é uma campanha de
evangelização popular. Durante a Quaresma, sempre se recorda um aspecto da
dimensão social da nossa fé. A fé em Deus tem sempre a dimensão social, ou
seja, da caridade e da fraternidade. Sem a fraternidade, nossa fé em Deus pode
estar sendo vazia. Isso não sou eu quem digo, é São João quem diz”.
Assim o
arcebispo de São Paulo (SP), cardeal Odilo Pedro Scherer iniciou sua resposta à
pergunta de uma internauta sobre as recentes polêmicas sobre a Campanha da
Fraternidade Ecumênica 2021, durante o programa Diálogos de Fé, da Rádio 9 de
Julho, no último domingo, 7 de fevereiro.
Dom Odilo
explicou que a Campanha da Fraternidade se insere dentro da Quaresma “quando
todos nós somos chamados a nos convertermos mais e mais ao Evangelho”. Neste
ano, a Campanha tem como tema “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor” e
lema “Cristo é a nossa paz, do que era dividido, fez uma unidade”.
A temática do
diálogo e da unidade é proposta na quinta edição da Campanha da Fraternidade
Ecumênica, promovida pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic).
Recordando o processo de preparação da iniciativa, que normalmente é conduzido
pelo Conselho Episcopal Pastoral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB), dom Odilo explicou que, na Campanha Ecumênica, esse processo é
conduzido pelo Conic. “A Campanha deste ano é
promovida de forma ecumênica e o texto-base não foi preparado pela CNBB. Foi
preparado pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), do qual também faz
parte a Igreja Católica no Brasil. Ele dá a reflexão básica sobre o tema”,
destacou.
Antiecumênica
e ideológica
Dom Odilo
acredita que a polêmica nas redes sociais em relação ao texto-base “precisa
baixar um pouco a fervura”. Tal mobilização, segundo o cardeal, “está movida
por um monte de preconceitos, é antiecumênica, está movida por paixão
antiecumênica, por outro lado, movida por acusações infundadas contra a
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil”.
É uma polêmica
marcada por polarização ideológica, segundo dom Odilo: “Acusa de ideologia de
um lado, mas comete o mesmo erro, de posição ideológica oposta, dura, fechada.
Tudo o que não precisa numa Campanha da Fraternidade Ecumênica, quando o
objetivo é realmente aproximar as Igrejas, é promover uma iniciativa boa,
juntos, nos aproximar mais”.
O
foco: Cristo é a nossa paz
A crítica faz
perder o foco da Campanha, que pretende ensinar o valor do ensinamento bíblico
de que “Cristo é a nossa paz”. “Essa crítica que está fazendo da Campanha da
Fraternidade fica lá comentando umas frases e esqueceu o foco. Cristo é a nossa
paz. Eu admito que no texto-base há posições que podem ser criticadas, que
podem ser não compartilhadas, eu posso fazer também as minhas observações sobre
questões que talvez eu não diria desse modo, mas, pelo amor de Deus, o foco é
outro”, ponderou dom Odilo.
“Não
esqueça o tema, não esqueça o lema. Não é quem escreveu a Campanha da
Fraternidade que deve ficar no centro da Campanha da Fraternidade. Quem
escreveu o texto-base da Campanha, que talvez eu não esteja de acordo com uma
série de questões, não é isso que deve se tornar o centro da Campanha da Fraternidade.
No fundo, no fundo, será que essa polêmica toda tem a finalidade de querer
enterrar a Campanha da Fraternidade? Será?”, questionou.
Convite
Ao final, o
cardeal Odilo Scherer convidou a todos para se preparar para fazer a Campanha
da Fraternidade: “esqueçamos um pouco essa polêmica, pelo amor de Deus. O que
tiver que ser criticado, vamos criticar com serenidade, mas jogar essa polêmica
antes mesmo de iniciar a Campanha da Fraternidade dessa forma, não tem
cabimento, não é de caridade na relação com a Igreja e falta com a verdade
também”.
Fonte: CNBB
Nenhum comentário:
Postar um comentário