Papa
Francisco nomeou administrador apostólico "sede vacante et ad nutum
Sanctae Sedis" de Santiago do Chile Dom Celestino Aós Braco, capuchinho.
Na sexta-feira (22/03), o Tribunal de Recurso da capital chilena rejeitou o
pedido de arquivamento das acusações ao purpurado de ter ocultado abusos. O
cardeal Ezzati afirma jamais ter acobertado ou dificultado a justiça
Cidade do Vaticano
O
Papa Francisco aceitou este sábado (23/03) a renúncia ao governo pastoral da
Arquidiocese de Santiago do Chile apresentada pelo cardeal Ricardo Ezzati
Andrello, que em janeiro passado completou 77 anos, e nomeou administrador
apostólico “sede vacante ad nutum Sanctae Sedis” da arquidiocese Dom Celestino
Aós Braco, O.F.M. Cap., até então bispo da diocese chilena de Copiapó.
Rejeitado pedido de arquivamento das acusações
Na sexta-feira (22/03), a VIII seção do Tribunal Regional de
Recurso do Chile rejeitou o pedido de arquivamento das acusações feitas ao
purpurado de ter ocultado abusos sobre menores perpetrados por membros do clero
em sua arquidiocese. O cardeal Ezzati pediu a seus representantes legais que
contatassem a Procuradoria a fim de poder formular uma declaração e cumprir
todas as formalidades estabelecidas pela lei.
Ezzati: minha consciência está absolutamente tranquila
Por ocasião da abertura, na manhã deste sábado (23/03), do ano
pastoral da Arquidiocese de Santiago do Chile, o cardeal, falando sobre sua
renúncia, reiterou:
“Minha consciência está absolutamente tranquila e serena”. Em
seguida, referiu-se às novas notícias de abusos que se verificaram no passado,
afirmando:
“Rechaçamos antes e rechaçamos agora os crimes cometidos. Posso
dizer-lhes de cabeça erguida aquilo que prometi a vocês no início de meu
serviço episcopal em Santiago, após a o caso Karadima vir à tona. Disse-lhes
naquela ocasião que poderiam confiar no fato que o bispo de vocês não somente
enfrentaria a questão de cabeça erguida, mas que lhes assegurava que tudo,
tudo, toda denúncia seria diligentemente investigada. Hoje, ao concluir meu
serviço episcopal, posso dizer-lhes a mesma coisa. Com uma consciência muito
tranquila e serena, posso dizer-lhes que fui fiel àquela promessa para além das
fragilidades, da lucidez e da consciência que às vezes tem que ser muito
iluminada, para tomar as decisões mais oportunas.”
Uma Igreja humilhada
“Fazemos parte de uma Igreja humilhada e desencorajada”, que
suplica o perdão de seu Senhor, disse ainda o purpurado. “A consciência e a dor
pelos pecados e pelos crimes cometidos por membros da comunidade eclesial,
especialmente por pessoas consagradas, nos envergonha e nos leva a pedir
humildemente mil vezes perdão e nos estimula a buscar caminhos de reparação,
conversão e prevenção.”
Ezzati citou ainda uma mensagem do Papa, recebida por e-mail no
último 19 de março, em resposta a uma sua saudação ao Santo Padre por ocasião
do sexto aniversário de Pontificado. O cardeal disse que Francisco lhe
expressou sua proximidade neste tempo de sofrimento. Em seguida,
agradeceu ao Pontífice por ter aceito sua renúncia, que se dá aos mais de 77
anos do purpurado.
Jamais fiz acobertamento ou dificultei a justiça
Numa declaração em julho passado, o purpurado reiterara a
retidão de seu comportamento: “Reafirmo meu esforço e da Igreja em Santiago em
prol das vítimas, pela busca da verdade e pelo respeito à justiça civil. Tenho
a certeza de que jamais fiz acobertamento ou dificultei a justiça e como
cidadão cumprirei meu dever de fornecer todas as informações que ajudarão a
esclarecer os fatos”.
De origem italiana, Ricardo Ezzati Andrello foi nomeado bispo
por João Paulo II em 1996. Bento XVI o nomeou arcebispo de Santiago do Chile em
2010 e o Papa Francisco o criou cardeal em 2014.
Fonte: Vatican News
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