A sede de Jesus é a sede de dar água
viva, a sede de conceder à Igreja o dom da água viva.
Cidade do Vaticano
O Papa Francisco e seus colaboradores
da Cúria Romana prosseguem os exercícios espirituais na Casa Divino Mestre, em
Ariccia.
“A sede de Jesus” foi o tema proposto
na quinta meditação pelo pregador do retiro, Pe. José Tolentino de Mendonça, na
tarde desta terça-feira (20/02).
O sacerdote português iniciou a
meditação com um trecho do Evangelho de João em que Jesus, após ter sido
pregado na cruz, diz: “Tenho sede.”
Os Padres da Igreja interpretaram
essa sede de Jesus sobretudo como “sede corporal”, não dando muito valor ao
sentido metafórico contido nessa declaração.
“A sede física documentava de forma
convincente que Jesus era de carne e osso como toda pessoa”, mas tinha sede “da
salvação dos homens”.
A sede da samaritana e a sede de
Jesus
No encontro com a samaritana, Jesus
pede água, mas é ele quem dá de beber e promete-lhe a “água viva”. A samaritana
não entende imediatamente as palavras de Jesus, “as interpreta como sede
física, mas desde o início Jesus dava um sentido espiritual”.
“O seu desejo sempre visava outra
sede”, conforme explicou à samaritana: «Se você conhecesse o dom de Deus, e
quem lhe está pedindo de beber, você é que lhe pediria. E ele daria a você água
viva.»
Segundo Pe. Tolentino, “a sede Jesus
parece se extinguir somente quando ele se proclama fonte de água viva e abre à
promessa do dom do Espírito”.
“A sede é o selo do cumprimento de
sua obra e, ao mesmo tempo, do forte desejo de doar o Espírito, verdadeira água
viva capaz de saciar radicalmente a sede do coração humano.”
O pregador do retiro explicou que a
sede da qual Jesus fala é uma sede existencial que se extingue, quando a nossa
vida se converge em direção ao Senhor.
“Ter sede, é ter sede Dele. Somos
chamados a viver de uma centralidade cristológica: sair de nós mesmos para
buscar em Cristo aquela água que sacia a nossa sede, vencendo a tentação da
autorreferencialidade que nos deixa doentes e tiraniza”.
“A sede de Jesus é a sede de dar água
viva, a sede de conceder à Igreja o dom da água viva. Para os fiéis, a sede de
água viva é a sede de aprofundamento da fé, sede de penetrar no mistério de
Jesus, sede do Espírito. Para Jesus, a sede é o desejo de comunicar todos esses
dons.”
A sede de Jesus revela a sede humana
Segundo Pe. Tolentino, “a sede de
Jesus ilumina e responde à sede de Deus à falta de sentido e verdade, ao desejo
de todo ser humano de ser salvo, mesmo que seja um desejo oculto ou enterrado
debaixo dos detritos existenciais”.
O “Tenho sede”, proclamado por Jesus,
envolve a Igreja de todos os tempos, em particular a nossa.
A esse propósito, o sacerdote
português citou como exemplo Madre Teresa de Calcutá, que em 10 de setembro de
1946, a bordo de um trem que ligava Siliguri a Darjeeling, na Índia, viveu uma
forte experiência espiritual: “de forma quase física sentiu a sede de Jesus que
a chamava a dar a vida a serviço da sede dos pobres e rejeitados, dos últimos
dos últimos. O coração e a alma das Missionárias da Caridade é somente este: a
sede do coração de Jesus escondido no pobre.”
Acolher o Espírito, dom da sede
O Espírito continua nos fazendo ouvir
a voz de Jesus que nos diz: “Tenho sede!”
“Ele é o dinamismo do Ressuscitado em
nós. O Espírito é a continuação dessa história, uma continuação que não é
repetida, não é sempre a mesma. É a fantasia do Espírito, a sua criatividade
que difunde em nós dons diferentes, carismas diferentes, competências
complementares a fim de construirmos o Reino de Deus onde quer que estejamos.”
O Espírito “é a força motriz da vida
da Igreja e da vida de todo cristão. Por isso, precisamos do Espírito Santo e
devemos redescobrir a fé em seu poder. Muitas vezes o Espírito Santo permanece
completamente esquecido. Devemos redescobrir o Espírito Santo, porque sem Ele a
Igreja é somente memória, o que fazemos é somente uma recordação do que foi. É
o Espírito que diz: o cristianismo é também presente e futuro”, disse Pe.
Tolentino.
“Somos chamados a viver na esperança
toda situação da vida. Às vezes, somos uma Igreja em que falta a vivacidade do
Espírito, a juventude do Espírito. É o Espírito que nos dá o sentido de
plenitude, o sentido da missão e que nos torna uma Igreja em saída.”
Fonte: Rádio Vaticano
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