terça-feira, 10 de junho de 2008

CÉLULAS-TRONCO: ENTRE A ILUSÃO E A REALIDADE


Dr. Frei Antônio MoserAssessor da CNBB para assuntos de bioética

Ao longo da história, em todas as civilizações, sempre houve algum tipo de santuário, onde as pessoas buscavam a cura de seus males. Como também, em todos os tempos a maior parte das pessoas sempre acreditou num Ser transcendente que as ajuda a encontrar um sentido para suas vidas e até para seus sofrimentos. Hoje vivemos um certo paradoxo. Por um lado cresce o número dos descrentes, e por outro cresce o número dos que crêem. Só que enquanto uns crêem em Deus, outros, lançam sua confiança inteiramente no que denominam de ciência. Graças a Deus as várias ciências estão progredindo e muito rapidamente. Graças a Deus sobretudo o campo da medicina tem conhecido grandes avanços nestes últimos tempos, oferecendo melhores condições básicas de vida e eventualmente condições para a cura de certos males, ou ao menos algum alívio. Infelizmente, certos grupos que se auto denominam de cientistas, e isto de maneira exclusiva (só nós é que sabemos e podemos), mais parecem regredir a tempos imemoriais do que acompanhar a marcha das verdadeiras ciências. Mais claramente: ao mesmo tempo que negam Deus e milagres, criam ilusões de forças estranhas e milagrosas, capazes de debelar todos os males. Nem é preciso dizer que se trata das células tronco. Maravilhosas sim, apenas que é preciso saber que elas fazem parte de uma verdadeira rede de mecanismos que agem sempre de maneira conjugada e remetem sempre para muitos fatores ao mesmo tempo. Ademais é preciso conhecer e respeitar suas propriedades.Claro que todos queremos e devemos fazer o possível para ajudar os portadores dos mais diversos tipos de deficiências, provenientes das mais diversas causas. O que não podemos fazer é criar nestas pessoas a ilusão de curas mágicas. Criar ilusões não é socorrer os que sofrem: é plantar neles as sementes da desilusão. Ilusão não se confunde com esperança: a primeira, depois de algum tempo, leva ao desespero; a segunda, fundamentada numa concepção realista da vida, jamais decepciona: ela dá forças para enfrentar as contradições que todos, de uma maneira ou de outra, mais cedo ou mais tarde, terão que enfrentar.
Dr. Frei Antônio Moser

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